Quando a psicóloga do hospital onde Andreia Gomes Constantino, 48 anos, está internada perguntou se a paciente estava precisando de alguma coisa, a resposta veio rápido: Andreia precisava matar as saudades da Laura, ou melhor, da Laurinha, a filha de quatro patas que a acompanha há nove anos.

A poodle esteve com Andrea, que trata um câncer de pulmão, no Hospital São Francisco, em Ribeirão Preto (SP). O momento foi registrado em vídeo pelo filho da paciente, Alisson Patrick Constantino Pistori, de 23 anos, e emocionou a todos. “As duas sempre foram muito ligadas”, diz.

 

Tão ligadas que ele, que é o principal cuidador de Andreia quando ela está em casa, fica de fora da cena. É que a Laurinha é muito ciumenta.

“Quando ela está perto da minha mãe, ninguém toca”, conta aos risos.

Apesar disso, ele comemorou o reencontro. “Foi muito bom, principalmente com a melhora do quadro clínico”, conta. E não foi só a Andreia que melhorou: Alisson diz que a poodle também estava doente de tanta saudade. “A Laura não estava querendo comer, estava triste”, conta o filho.

Batalha contra o câncer
Andreia foi diagnosticada com câncer de pulmão há cerca de um ano, mas o filho revela que ela dava sinais de estar doente desde o fim de 2021.

 A demora para diagnosticar e tratar a doença fez com que ela fosse descoberta já em um estágio avançado, e já foi constatada a metástase óssea e cerebral. “No começo, foi bem difícil. Ela ficou bem abalada, e eu também”, diz o rapaz.

Desde então, Andreia precisa usar uma máscara ou um catéter de oxigênio para respirar e, de acordo com Alisson, esta já é a segunda internação dela nos últimos 30 dias. A saudade sempre aperta para os três: mãe, filho e Laurinha.

Os três dividem a casa em Ribeirão Preto, e o jovem, que é estudante de enfermagem, se dedica em tempo integral a cuidar de Andreia. A irmã mais velha foi quem deu a cachorra para a mãe.

A batalha contra o câncer nunca é fácil, mas o reencontro com a Laurinha trouxe uma melhora clínica para Andreia e, consequentemente, um alívio para o filho.

“Depois que ela ficou doente, meu laço com a minha mãe aumentou muito. A gente não era tão afetivos antes. Hoje, eu não sei não, mas eu acho que eu e a Laurinha estamos empatados ali, vai”, brinca Alisson.
 

Melhora no quadro
Após o reencontro no sábado, Andreia teve uma melhora no quadro clínico para receber alta médica.

“Em casa, ela usa o catéter com um fluxo baixo de oxigênio. Ela precisa chegar nesse nível para poder ter alta. O quadro já está bom, só que ela não conseguia sair da máscara”, explica o rapaz.

Mas isso foi antes de ver a Laurinha. “Depois da visita, de domingo pra segunda-feira, ela colocou o catéter”, revela o filho.

A ansiedade para Andreia voltar para casa está alta. “Não vejo a hora”, diz Alisson. Mas ele já sabe que isso significa uma mudança na relação dele com a irmã de quatro patas.

“Quando eu chego em casa que ela [Laurinha] está sozinha, ela fica toda feliz, deita comigo, brinca comigo, eu coloco comida pra ela. Mas é minha mãe chegar em casa que acabou”, brinca.

EPTV