A adolescente de 16 anos que foi apreendida suspeita de participar do assassinato da mãe e da irmã de 9 anos, em Pompeia (SP), combinou o crime com o padrasto por estar apaixonada por ele, informou o delegado da Polícia Civil responsável pela investigação.

"Ela [a adolescente] tinha problemas com a mãe. Ela não gostava da mãe, conforme relatou. Aí ficou apaixonada pelo cara [padrasto] e combinaram de matar a mãe", diz o delegado Cláudio Anunciato Filho.

Cristiane Pedroso dos Santos Arena, de 34 anos, e a filha Karoline Vitória dos Santos Guimarães, de 9 anos, estavam desaparecidas desde o fim do ano passado. Os corpos delas foram encontrados enterrados no quintal da casa onde moravam, no dia 2 de fevereiro, sob um contrapiso de concreto.

No dia em que os corpos foram localizados, a filha de 16 anos da vítima foi apreendida. Já Fabrício Buim Arena Belinato, de 36 anos, foi capturado na segunda-feira (8), em Campo Grande, enquanto trabalhava em uma obra. Ele foi transferido para Marília na noite de terça-feira (9).

Em depoimento à polícia, Fabrício detalhou que matou a esposa primeiro em uma briga, em suposta legítima defesa, com um golpe de faca. Em seguida, admitiu que matou a menina asfixiada com a mão quase um mês depois porque ela estaria questionando sobre a presença da mãe.

"Primeiro ele matou a mulher porque a filha não gostava da mãe, e já tinha rixa com ela. Eles estavam apaixonados. E aí depois mataram a menina, não porque ninguém gostava da menina, mas para ocultar o crime. A morte da menina foi para não vir à tona o primeiro homicídio", esclarece o delegado.

Quando chegou à delegacia de Marília no final da noite desta terça-feira (9), o suspeito disse à imprensa que se arrepende do crime (veja abaixo). Ele teve a prisão preventiva decretada e foi levado para penitenciária de Álvaro de Carvalho.

As vítimas foram sepultadas na tarde de 3 de fevereiro no Cemitério de Pompeia, sob forte comoção. De acordo com as declarações de óbito que o G1 teve acesso, divulgadas pela família, Cristiane morreu por hemorragia aguda e Karoline, por traumatismo craniano.

Estupro de vulnerável

A principal linha de investigação da Polícia Civil é que a adolescente apreendida mantinha um envolvimento amoroso com o padrasto. Por isso, além do duplo homicídio e ocultação de cadáver, Fabrício é investigado por estupro de vulnerável pois teria abusado sexualmente da enteada mais velha há vários anos.

A adolescente negou participação no crime, mas a polícia acredita que ela deu cobertura ao padrasto e ajudou a enterrar os corpos. Segundo o delegado, ela indicou à polícia o local exato onde estava enterrado o corpo da irmã.

"Ele [Fabrício] confirmou que mantinha um relacionamento com ela [a adolescente] a partir do momento que ela fez 15 anos, em 2019. A partir daí, eles começaram a conviver praticamente como marido e mulher e o relacionamento dele com a esposa Cristiane foi enfraquecendo", conta o delegado.

De acordo com o advogado e sociólogo Otávio Barduzzi, a Justiça considera estupro de vulnerável, independente de consentimento, quando um adulto se relaciona com um adolescente menor de 14 anos.

Já dos 15 aos 16 anos, o advogado afirmou que cabe ao réu provar que a relação foi consentida e pode ser necessário que o jovem passe por exames psicológicos para que seja avaliada a capacidade de discernimento dela.

G1