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Uma moradora de Garça tem enfrentado um desafio na vida: reencontrar a irmã gêmea da qual foi separado no nascimento, há 57 anos. “Desde criança eu sempre imaginava como era ter uma irmã gêmea, sempre quis ter uma. Mas, na época, não sabia de onde vinha esse sentimento”, conta a dona de casa Mara Silvia Polachini.

Aos 17 anos, a moradora de Garça descobriu que havia sido adotada e passou a entender porque era tão diferente fisicamente dos três irmãos. “Sempre fui muito loira, olhos claros, não era parecida com eles. Soube que era adotada após um tio me contar. Ele chegou e perguntou se eu conhecia meus pais e vendo minha surpresa, me contou a história”, lembra.

A mãe confirmou a história, mas nunca deu muitos detalhes. “Ela sempre dizia que mãe é quem cria, para eu não esquecer nunca disso”. Mesmo sem falar muito do assunto, alguns anos mais tarde, Mara descobriu que tinha uma irmã gêmea.

“Eu já estava casada com um filho pequeno e disse para minha mãe que precisava dar um outro neto para ela. Ela então disse para eu não fazer isso porque eu poderia ter gêmeos, já que eu tinha uma irmã gêmea.”

Ela guardou por anos essa história em respeito aos pais adotivos que sempre lhe deram tudo e nenhum momento a fizeram se sentir diferente dos irmãos. No entanto, com a morte da mãe há alguns anos, Mara decidiu que era o momento de ir atrás da sua origem.

“Eu queria muito encontrar essa minha irmã, saber como ela é, se somos irmãs idênticas. Só queria saber como ela está, se tem família”, ressalta.

A adoção
A irmã mais velha, Marilena Polachini Cassioli, era adolescente quando a parteira chegou na casa da família em Marília com a Mara, com cerca de 8 dias, nos braços.

Marilena conta que a parteira era vizinha delas e tinha feito o parto das meninas. A irmã gêmea de Mara já tinha sido adotada por outra família e mãe biológica deu a bebê para a parteira tentar a adoção também.

“Ela disse que a mãe biológica da Mara já tinha outros seis filhos e que somente um estava com ela e não tinha condições de cuidar do bebê. Ela era extremamente pequena, estava doente, tinha várias manchas no corpo. Meus pais não pensaram duas vezes e decidiram ficar com ela. Meu pai a registrou no dia 20 de outubro de 1960, eu creio que elas nasceram entre o dia 10 e 18 de outubro, porque a parteira contou que ela tinha cerca de 8 dias.”

Marilena lembra que a mãe nunca quis que contassem para a Mara da adoção e que inclusive eles mudaram de Marília para Garça quando ela começou a crescer com receio que os vizinhos comentassem algo.

“Mas nós tínhamos uma conhecida que sabia quem tinha adotado a irmã da Mara e as vezes no levava notícias. O que sabemos é que era a família de um gerente do banco Banespa na época e que deu nome de Silvia Helena para a menina. A g ente também soube que eles não queriam que ela soubesse da adoção, assim como meus pais.”

Encontro inusitado
Apesar de todo esse cuidado para esconder a história, quando a família se mudou para Garça o destino acabou unindo as irmãs por alguns minutos, sem elas saberem.

“Foi durante aqueles desfiles cívicos de 7 de setembro. Estavam tirando aquelas fotinhos de recordação e minha irmã tirou uma com uma garota da mesma idade dela ao lado. Quando minha mãe viu a foto ficou desconcertada, disse para mim que era a irmã gêmea da Mara e a gente sabia que eles tinham se mudado para Garça também”, lembra Marilena.

Infelizmente a mãe jogou fora a foto e as irmãs têm poucas pistas do paradeiro da irmã gêmea.

“Eu postei uma foto da Mara no meu perfil em uma rede social e apenas uma conhecida veio falar com a gente sobre uma moça que ela conheceu na época do casamento dela. Mas isso foi em 1977 e o nome da moça não bate com o que passaram para gente. Ela mandou uma foto e realmente é uma moça parecida com a Mara, mas é difícil dizer e além do mais, ela não sabe mais onde essa mulher está hoje”, lamenta Marilena.

Poucas informações

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O pouco que Mara sabe sobre os pais biológicos foi passado pela irmã mais velha. Segundo Marilena, Mara e a irmã gêmea nasceram em outubro de 1960 em uma casa na Rua Bartolomeu de Gusmão na Vila São Miguel em Marília.

A mãe biológica veio da Bahia e tinha outros filhos, mas somente um filho mais velho morava com ela, que tinha o nome de João. O pai era um sorveteiro, mas não era casado com a mulher, seria somente pai das meninas gêmeas.

Mesmo com poucas informações, Mara tem esperanças. “Pode ser que ela não saiba que foi adotada, como eu também não sabia. Mas, se ela souber eu só gostaria de conversar com ela, saber um pouco sobre ela, se está bem”, finaliza. (G1)