vinil

Zero Freitas, 62 anos e muitos discos de vinis. Milhões deles, na verdade. Obsessivo por comprar os objetos, o brasileiro teve sua história revelada pelo "The New York Times" e tornou pública sua intenção de preservar músicas que não foram convertidas para formatos digitais e, assim, poderiam desaparecer.

Para manter sua coleção segura, Zero tem um galpão gigantesco onde abriga todos os vinis que já comprou. Trabalhando ao lado de 12 estagiários, ele cataloga os discos e ainda não tem ideia de quantos possui - "vários milhões", acredita ele. Por dia, são catalogados por volta de 500 vinis, organizados por ano de lançamento, gravadora e artista. O dinheiro para lidar com a coleção - e aumentá-la, é claro - vem da empresa de ônibus particulares que ele possui.

A enorme quantidade de vinis armazenados por Zero faz com que ele tenha que criar técnicas para que os discos já catalogados não se percam em meio aos outros milhões. Por isso, usa, por exemplo, uma garrafa de cerveja para identificar a área onde estão os discos de músicas de futebol.

"Fui para a terapia por 40 anos para tentar explicar isso para mim mesmo", explica Zero sobre a obsessão que começou quando ainda era criança. Aos 5 anos, ganhou de presente do pai um toca-discos estéreo que veio acompanhado de 200 discos por conta do acordo com o vendedor.

Zero lembra que que seu primeiro disco comprado foi de seu cantor preferido, Roberto Carlos. Só de seu ídolo ele afirma possuir mais de 1700 álbuns, número maior do que qualquer outro em sua coleção de milhões de vinis. Ainda sobre o começo de sua coleção, ele conta que uma enchete destruiu os 200 discos obtidos por seu pai que deram o pontapé inicial em sua obsessão e que, por isso, teve que comprá-los novamente, um a um.

Cuidado com a preservação
A coleção de Zero ficou realmente séria quando ele conheceu Bob George, arquivista de música de Nova York, em 2012. Após conversar com o norte-americano, percebeu que poderia organizar sua coleção pessoal e disponibilizá-la como arquivo para que pesquisadores e gravadoras de todo o mundo estejam procurando músicas perdidas em meio ao processo de digitalização.

O contato com outros arquivistas aliviou parte da obsessão de Zero. Ele conta,por exemplo, que certa vez vendeu alguns discos iguais, coisa que nunca havia feito. Com isso, conseguiu "limpar" parte de sua coleção e caminhar melhor em direção à organização com a qual tanto sonha.

O sonho, porém, será difícil de ser alcançado. Mesmo com seus 12 estagiários que trabalham apenas catalogando discos, ele acredita que levariam pelo menos 20 anos para catalogar toda a coleção. Isso se parar de comprar discos, o que, para um obsessivo, parece impossível.

Mas se não terminar o catálogo, Zero não encontrará problemas. Seu real objetivo é apenas preservar músicas. "É muito importante salvá-las, muito importante", finaliza o colecionador.

Do Yahoo