O presidente do Corinthians, Mário Gobbi, desabafou logo após o clássico deste domingo contra o São Paulo sobre a morte do garoto boliviano Kevin Espada durante o jogo contra o San José, pela Copa Libertadores, em fevereiro. Com um discurso inflamado, ele mostrou sua revolta com a situação dos 12 corintianos que estão presos em Oruro há 40 dias, situação que para o dirigente é pior do que a dos tempos de ditadura.
“Eles estão sequestrados lá na Bolívia, é uma situação pior do que a ditadura", disse Gobbi, que considera um absurdo que os torcedores continuem presos. “Como é que você mantém alguém preso sem ter prova nenhuma contra ele? Isso é uma coisa de loucos, uma nojeira muito grande. Eu não durmo sabendo dessa brutalidade, que é maior do que a morte do jovem Kevin Beltrán Espada. Os bolivianos querem pagar a morte dele com essa brutalidade, torturando, sequestrando e mantendo presos brasileiros que até prova em contrário são inocentes”, protestou.

Para tentar resolver o problema, Gobbi vai se reunir na próxima quarta-feira em Brasília com o ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota. "Antes de ser presidente do Corinthians, sou brasileiro. Ali tem gente inocente. Se eu não fizer nada, estarei jogando pela janela a educação que meu pai me deu no berço", explicou.

HOMENAGEM
Os corintianos que estão detidos em Oruro, na Bolívia, acusados de envolvimento na morte de Kevin, participaram de um jogo de futebol com outros presos na cadeira de San Pedro. Os brasileiros utilizaram uma camiseta na qual homenageavam o garoto boliviano e pediam "justiça".

Esses torcedores estão presos desde o dia 20 de fevereiro, data da partida contra o San José, em Oruro, pela Libertadores, quando, logo no início do primeiro tempo, um sinalizador lançado da torcida do Corinthians acertou o jovem de 14 anos, que morreu na hora. Cinco dias depois, um garoto menor de idade assumiu ser o autor do disparo, o que não mudou a situação dos torcedores presos na Bolívia.