laranja

O Brasil e os Estados Unidos são grandes potências na produção de laranja, e ambos também enfrentam um problema sério: o greening, ou amarelão, que pode devastar lavouras inteiras. Mas o jeito de lidar com ele é bem diferente em cada país.

A doença é causada por um vírus transmitido de uma árvore para outra por um pequeno inseto chamado psilídeo. A planta passa a produzir frutos cada vez menores e que caem antes de amadurecer.

Nos Estados Unidos, o greening chegou há cerca de 15 anos. Na Flórida, atinge 90% das plantas e devastou pomares inteiros. Há 7 anos, o estado colheu cerca de 175 milhões de caixas. Neste ano, se tudo correr bem, a expectativa é de colher perto de 80 milhões.

"O greening afeta massivamente a produção do estado. O que estamos produzindo hoje é o equivalente ao que produzimos no começo dos anos 1940. Esperamos conseguir pelo menos lidar com o problema", diz Brian Scully, diretor do laboratório de citrus do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês.

Segundo ele, o governo do país já gastou até agora cerca de US$ 250 milhões no combate à doença, como a busca por espécies resistentes em laboratório e ações para controle do inseto.

Um dos problemas enfrentados é o tamanho dos pomares. Ao contrário do Brasil, onde a laranja comercial ocupa grandes propriedades, nos EUA boa parte é de pequenas e médias. Isso prejudica o combate, porque deixa o manejo caro e nem todos os produtores aderem aos planos de combate. Muitos pomares acabam abandonados, ou à venda.

No Brasil, a situação é diferente. O índice de contaminação é de 18% das plantas que formam o cinturão citrícola, região que mais produz laranja e inclui municípios de São Paulo e Minas Gerais.

Por aqui, desde o início a estratégia foi acabar com as plantas doentes. No estado de São Paulo, foi instituída até uma lei que obrigava a erradicação. Os produtores americanos resistiram à ideia e preferiram tentar uma cura.


"Isso fez com que a doença crescesse exponencialmente e hoje o país está em uma situação muito complicada", explica Juliano Ayres, diretor do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Desde que a doença chegou ao Brasil, também há 15 anos, 52,6 milhões de plantas foram erradicadas em São Paulo. Outra estratégia é combater os insetos com inseticidas. Há ainda estudos em fases iniciais que envolvem mudanças genéticas em plantas.

As medidas de controle da doença extrapolam os pomares comerciais e o fundo faz o corte de plantas até em pequenos sítios ou chácaras, para que não haja contaminação. Com manejo e pesquisas, o Brasil consegue manter a doença sob controle, trabalho que é reconhecido até pelos americanos.

O Brasil deve produzir 275 milhões de caixas de laranja neste ano. (GloboRural)