Lucilene Daniel anuncia também que UTI deverá passar de quatro para sete leitos. Audiência pública tem embates entre médicos e gestores da Santa Casa

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População, políticos e médicos debateram novamente a Santa Casa. A Câmara Municipal abriu suas portas e deu voz a todos que quiseram se manifestar na audiência pública realizada na noite de quinta-feira (03).

E o encontro foi propositivo. No dia 30 de agosto, um grupo de médicos denunciou na Câmara de Vereadores a ausência de plantonistas de forma constante na UTI da Santa Casa. A denúncia motivou a realização da nova audiência, que permitiu debate mais amplo de temas que afligem o hospital de Itápolis.

A mesa foi composta pelo atual interventor da Santa Casa, João Araújo, pelo gerente administrativo, Pedro Cirino, pela secretária de Saúde, Lucilene Daniel, e pelo médico Vanderlei Padovez. Estes últimos protagonizaram a reunião, que foi rica em debates nas quase três horas de duração.

Lucilene, em sua primeira intervenção, afirmou que a UTI não será fechada. Entretanto, a secretária justificou que há um processo de contenção de gastos na entidade, o que levou à diminuição do número de plantonistas presenciais. Atualmente, os médicos atendem os casos de urgência e emergência do Pronto Atendimento e, ao mesmo tempo, cobrem a Unidade de Terapia Intensiva, que fica sem um profissional em regime de exclusividade. A Santa Casa está sob intervenção da prefeitura.

“Não fazemos milagres”, exclamou a secretária, que anunciou a intenção de ampliar o número de leitos da UTI de quatro para sete. De acordo com Lucilene, os trâmites estão em fase final de encaminhamento e a probabilidade da ampliação já se concretizar em novembro é alta.

Sob o ponto de vista econômico, a ampliação será interessante. Com sete leitos, o valor repassado individualmente pelo SUS para cada acomodação praticamente dobra, conforme relato dos gestores. Atualmente, são repassados R$ 480 ao dia pelo SUS. Em determinados casos, o custo real supera o dobro.

As divergências começaram a aflorar com a fala do médico Vanderlei Padovez. “Recebi tantas promessas não cumpridas que, se eu ganhasse um real por cada uma delas, construiríamos uma UTI de altíssimo nível. Só acredito vendo”, contestou, de forma performática, a fala da secretária. “A nossa UTI tem quatro leitos, mas salva muitas vidas. Não fechem a UTI”, emendou.

O médico Ricardo Alexandre dos Santos presumiu que haja um aumento no número de mortes na unidade a partir da não presença de um médico exclusivo no local. “Isso vai responder pela economia feita na UTI”, protestou.

“Ninguém está roubando um tostão lá de dentro (Santa Casa)”, foi a frase pronunciada em tom de desabafo pelo gerente administrativo Pedro Cirino, que anunciou o valor atualizado da dívida da entidade: R$ 8.465.966,00. O gerente avaliou que a situação financeira é muito complicada e que a Santa Casa está pagando caro por atitudes tomadas na gestão dos anos de 2005 e 2006. “Os problemas de 2005 e 2006 estão refletindo hoje. Estamos com as contas e valores bloqueados. Temos muitas dificuldades porque também não temos um corpo clínico formado”, diagnosticou.

João Araújo, interventor, anunciou que será criado um endereço na internet da Santa Casa onde serão publicados todos os dados referentes às despesas, ativos e passivos do hospital.

A secretária Lucilene sugeriu o fim da intervenção e o retorno da gestão da Santa Casa para um conjunto de mesários. “Quando a intervenção convém para a prefeitura, é boa. Quando não convém, é ruim”, rebateu o médico Marco Antônio Sgarbi.

Pedro Cirino afiançou que o valor mensal de R$ 400 mil repassados mensalmente pela prefeitura são suficientes para custo da unidade de Pronto Atendimento. Vanderlei Padovez salientou que os valores são para a unidade de urgência e emergência, obrigação do município, e não propriamente para a Santa Casa.

Solução final
O final da audiência reservou a tomada de uma decisão prática. Instada pela vereadora Edmércia Micheletti (PSB) a designar médicos para plantão exclusivo na UTI, a secretária Lucilene afiançou que “isso será feito”.

De acordo com a secretária, os plantões médicos exclusivos para a UTI retornarão o mais breve possível.
Veja no site oficial – www.camaraitapolis.sp.gov.br – o vídeo da audiência pública de 03/10.

Jornalismo – Câmara Municipal