Uma milenar árvore do Japão se tornou um símbolo de resiliência no país diante das adversidades e tempos tão turbulentos quanto estes. A cerejeira Takizakura fica em Miharu, Fukushima, uma pequena cidade rural de 17 mil habitantes que depende economicamente do turismo dela.
Cerca de 300 mil pessoas visitam a árvore todos os anos. Ela é considerada uma das “5 grandes cerejeiras do Japão“, tendo sido designada um “Tesouro Nacional” (equivalente a um patrimônio histórico) em 1922.
Takizakura tem 12 metros de altura e se estende por 22 metros de leste a oeste. Tradicionalmente, em meados de abril a árvore floresce e suas flores rosa claro se espalham por todas as direções a partir dos galhos, como uma cachoeira.
Neste ano, por conta da pandemia de Covid-19 e a consequente declaração de estado de emergência do governo japonês, a árvore será contemplada por bem menos visitantes do que o de costume.
Sidafumi Hirata, 53 anos, encarregado de preservar a herança cultural da cidade e cuidar da cerejeira, disse em uma entrevista à emissora NPR que ele se lembra de ter corrido para checar a árvore após o desastre nuclear de Fukushima, em 2011.
O pior terremoto da história recente do Japão provocou um tsunami que danificou a usina nuclear de Daiichi a 48 quilômetros de distância, provocando ondas de radiação nas cidades próximas – mas mesmo depois do tsunami, do terremoto e do colapso nuclear, a Takizakura não foi ferida.
“Esta árvore viveu tanto tempo e, quanto mais você vive, mais eventos ruins você vê”, disse Hirata. “Então ela verá mais coisas ruins, mas também verá coisas boas – a vida é feita de camadas, camadas de coisas ruins e felizmente, de coisas boas.”
Hirata diz que, apesar da falta de visitantes deste ano, ele continuará cuidando da árvore para que ela continue florescendo “pelos próximos mil anos”. Enquanto isso, os admiradores de Takizakura esperam que sua longevidade duradoura inspire outros a permanecerem tão resilientes quanto ela.
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