Do G1 - O Comitê de Investigação da Rússia, órgão de investigação federal ligado diretamente à presidência, afirmou em um comunicado que tudo indica que a morte da jornalista e cientista política Darya Dugina "foi um crime planejado com antecedência e contratado por terceiros".

 

Dugina, filha do pensador russo Alexander Dugin, morreu na noite de sábado (20), após a explosão de um Toyota Land Cruiser, no qual ela estava ao volante, em uma rodovia a 32 quilômetros a oeste de Moscou.

"Um dispositivo explosivo foi colocado na parte de baixo do carro do lado do motorista. Darya Dugina, que estava ao volante, morreu no local", disse o comitê.

O incidente ocorreu no distrito de Odintsovo, uma área nobre dos subúrbios de Moscou, por volta das 21h45 no horário local.

O carro pegou fogo, espalhando pedaços pela estrada. A imprensa russa informou que o veículo colidiu em uma cerca antes de ser tomado pelas chamas.

Pai e filha estavam participando de um festival nos arredores de Moscou, e Dugin decidiu trocar de carro no último minuto, informou o jornal do governo russo Rossiyskaya Gazeta.

Segundo o jornal "The New York Times", após o acidente, um homem que parecia ser Dugin andava de um lado para o outro, levando as mãos à cabeça, enquanto os caminhões de bombeiros corriam para apagar as chamas. Essas imagens não puderam ser verificadas imediatamente.

Dugin foi hospitalizado após a morte da filha, segundo a mídia russa.

A agência de notícias estatal russa Tass falou com Andrei Krasnov, amigo de Dugina, dizendo que o veículo pertencia a seu pai e que, provavelmente, Dugin era o alvo do atentado.

Dugin é o pensador mais influente da Rússia, e acredita-se que esteja por trás da anexação da Crimeia pelo presidente russo Vladimir Putin em 2014.

Contexto político

O ataque acontece em um contexto em que o Kremlin é questionado sobre seu esforço de guerra na Ucrânia, principalmente sobre o porquê não está fazendo mais para evitar ataques nas linhas de frente.

Apoiadores da guerra – já irritados com os recentes ataques de sabotagem ucranianos na Crimeia – rapidamente foram às mídias sociais com alegações de que a Ucrânia estava por trás da morte de Dugina.

Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse em um post do Telegram que, se fosse encontrada alguma ligação da Ucrânia com o caso, seria "terrorismo de Estado".

Um assessor do presidente Volodymyr Zelensky refutou as acusações de que a Ucrânia estaria envolvida na morte. "Enfatizo que a Ucrânia, claro, não tem nada a ver com isso, porque não somos um Estado criminoso, como é o caso da Federação Russa, e muito menos um Estado terrorista", disse Mykhailo Podolyak.

Influência de Dugin no governo Putin

O pai de Darya Dugina, Alexander Dugin, é um analista e estrategista polêmico, conhecido por visões ultranacionalistas.

Dugin segue o eurasianismo, filosofia que acredita que a Rússia é uma civilização separada e única, um império que batalha por seu lugar de direito junto às potências mundiais.

Ele também defende que é papel da Rússia desafiar a dominação dos Estados Unidos no mundo.

Dugin se aproximou de Putin no ano 2000, no início de seu governo. Na época, Putin disse publicamente que "a Rússia sempre se viu como um país eurasiano".

Depois disso, Dugin afirmou que a frase de Putin foi "histórica, grandiosa e revolucionária", que "mudou tudo".

Outras ações do governo russo, como a influência nas eleições dos EUA, o Brexit e os conflitos no leste da Ucrânia e da Geórgia, também são exemplos da influência das ideias de Dugin sobre Putin e seus aliados.