Abrigo em Chicago concentra 21 menores afastados dos responsáveis ao tentar entrar no país
Uma nova lista compilada pelo governo dos Estados Unidos e enviada a autoridades do Brasil mostra que pelo menos 49 crianças brasileiras estão em abrigos para menores pelo país, separadas dos pais. O número é o sêxtuplo das oito ocorrências que eram de conhecimento do consulado brasileiro em Houston, como informado na quarta-feira (20) pela Folha de S.Paulo.
Um dos abrigos, que fica em Chicago, concentra 21 crianças brasileiras. Em outro, são oito. Mas, na maioria deles, há apenas uma ou duas crianças.
A lista foi atualizada na última sexta-feira (15) pelo Departamento de Saúde americano, que administra as instituições para menores. Mas não inclui os nomes das crianças, idades e nem mesmo a cidade ou estado em que fica o abrigo.
"É uma lista muito precária, mas nós vamos correr atrás das crianças a partir dela", disse à reportagem o cônsul-geral-adjunto do Brasil em Houston, Felipe Costi Santarosa.
As crianças já identificadas têm entre 5 e 17 anos e estão espalhadas pelos EUA, em estados tão diversos quanto Arizona, Califórnia e Nova York.
A reportagem teve acesso ao documento e identificou a localização das 15 instituições que receberam os brasileiros. A maior parte das crianças está na região de Chicago, que concentra 29 delas. Oito estão no estado fronteiriço do Arizona, sete, no Texas, e duas, na Califórnia.
Também há menores brasileiros em instituições da Flórida e de Nova York.
Os pais, por outro lado, estão em prisões federais próximas à fronteira ou seja, a até 3.500 km de distância dos abrigos. Na maior parte dos casos, eles não sabiam do paradeiro das crianças até que o consulado brasileiro fizesse contato.
Crianças imigrantes têm sido separadas dos pais ao atravessarem a fronteira dos EUA, em decorrência da política de tolerância zero da administração de Donald Trump que, em abril, passou a processar criminalmente os estrangeiros pelo crime de travessia ilegal, enviando-os a presídios federais.
Desde então, pelo menos 2.000 crianças foram apartadas dos pais e encaminhadas a abrigos, num período de seis semanas, segundo o governo americano. Nesta quarta, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva (equivalente a um decreto presidencial) determinando que os integrantes de famílias detidas na fronteira fiquem juntos enquanto transcorre o processo pela entrada ilegal.
A gestão de Donald Trump argumentava que estava cumprindo a lei, que não permite a permanência de um menor em um presídio federal.
Mas, diante das críticas, o presidente assinou na quarta (20) uma ordem executiva (equivalente a um decreto presidencial) determinando que os integrantes de famílias detidas na fronteira fiquem juntos enquanto transcorre o processo pela entrada ilegal.
O governo brasileiro, por meio dos consulados nos EUA, tem acompanhado os casos e tentado reconectar as famílias que, na grande maioria das vezes, desconhecem o paradeiro dos menores.
Grande parte dos imigrantes não tem advogado, porque não consegue pagar por um. Como estão detidos, a maioria acaba demorando semanas para localizar o(s) filho(s).
Agora, a lista das 49 crianças será redistribuída aos consulados brasileiros nos EUA, a fim de identificar e conectar as famílias.
As condições dos abrigos visitados até aqui, destaca Santarosa, do consulado de Houston, é boa. As crianças conviviam com grupos da mesma idade, e eram bem tratadas.
A orientação do Itamaraty é que os consulados façam visitas regulares aos menores e mapeiem todos os abrigos nos EUA para a identificação de novos casos de brasileiros. (Reuters)