O motorista João Batista Dias, de 52 anos, que quebrou o braço de um idoso de 63 anos durante uma briga de trânsito, diz que cometeu a agressão pois foi ameaçado de morte pela vítima.

 

Segundo ele, o idoso estava com uma arma e essa foi a maneira que ele encontrou para se defender. O caso aconteceu em São Vicente, no litoral de São Paulo, e foi flagrado por uma moradora .

Confusão no trânsito
Em entrevista ao g1, Dias explicou que a confusão começou dois quarteirões antes do local da agressão. Ele conta que o idoso dirigia devagar pela avenida.

 "Ao perceber que ele não ia dar passagem, eu passei pela direita. Eu acho que ele ficou um pouco enfurecido e, eu percebendo, atravessei o sinal de atenção de amarelo para vermelho e ele passou atrás. Quando eu parei, ele emparelhou comigo, me ameaçando de morte. Ele falou: você quer morrer? E fez um sinal de 'arminha' para mim. Eu fui seguindo ele porque ele me fechou de novo", diz.

Mais a frente, Dias parou o carro ao lado do veículo do idoso. Ele conta que viu o motorista se abaixando no banco do carro e imaginou que ele estivesse pegando uma arma, por isso, saiu do carro e foi em direção ao idoso.

"Ele já tinha feito um sinal de arminha para mim. Foi fração de segundos. Eu pulei do carro e peguei o braço dele, que estava para empurrar o meu peito", lembrou.

O motorista que agrediu o idoso diz que realmente viu uma pistola no console do carro. Por isso, continuou segurando o braço do idoso.

"Se ele tinha feito um sinal de arminha, ele ia pegar uma arma de verdade. E realmente ele pegou. Foi a hora que eu falei: põe o braço para fora. E quanto mais ele não punha, mais eu apertava", conta.

Quando o sinal abriu, o motorista contou que ninguém foi ajudá-lo e não havia policiamento nenhum no local.

"Eu quebrei o braço dele. Dá para ver isso na filmagem claramente, não vou mentir. Estou aqui para expor isso, por Justiça. Quis quebrar o braço dele porque eu não tinha opção. Se eu não quebro, quando eu virasse as costas ele me baleava pelas costas. Eu ia ser só uma vítima fatal", conta.

Dias explicou que empurrou o idoso em direção ao banco do carro e foi embora. Segundo ele, quando chegou em casa, várias pessoas já comentavam sobre o vídeo da agressão, que começou a circular pela internet.

"Está certo eu ter quebrado o braço dele? Não está. A violência gera violência. Mas ele foi atrás de mim para falar que ia me matar", disse.

Após o caso, Dias conta que foi para outra cidade porque está sendo alvo de ameaças. "Eu tenho medo porque tem pessoas se passando por facções criminosas, dizem que vão acabar com a minha vida, da minha família. Eu já pedi para a minha filha tomar cuidado, falar que não me conhece, que não sabe quem eu sou", finaliza.

O motorista prestou depoimento nesta segunda-feira (18) na Delegacia Sede de São Vicente.

Passageiros de ônibus gravaram cena

O episódio aconteceu no dia 12 de abril, em São Vicente. Um vídeo obtido pelo g1 mostrou a agressão. Na gravação, é possível ver que agressor puxou o braço da vítima para fora da janela e só soltou, aparentemente, depois de tê-lo quebrado.

 As imagens foram feitas por passageiros de um ônibus que passava pelo local. Segundo as autoridades, o agressor se enfureceu pelo fato de o aposentado ter "buzinado demais".

Uma testemunha que preferiu não se identificar contou ao g1, que enquanto segurava o braço da vítima, o agressor gritava frases como: "Sabe com quem está falando?" e "Sabe para quem você buzinou?".

Idoso é motorista de aplicativo
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, a vítima, que prefere não ser identificada, revelou que jamais imaginou passar por algo parecido.

"Se alguém buzina para mim, eu não agiria dessa forma. Acho que não é necessário tudo isso", disse.

O aposentado é motorista de aplicativo e não poderá trabalhar por dois meses e meio devido à lesão. A pressão que o agressor fez contra o membro resultou em um deslocamento seguido de fratura de seu cotovelo.

A esposa da vítima, que também prefere não ser identificada, revelou ao g1 que o sentimento é de indignação pelo ocorrido. "Foi uma brutalidade tremenda, uma falta de amor ao próximo. Ninguém merece isso. O agressor não merece viver em sociedade. Ele é um monstro", desabafa.

G1