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O Brasil é o quarto país que mais mata ativistas ambientais, de acordo com o relatório anual da ONG Global Witness publicado nesta terça-feira (30). Foram pelo menos 20 vítimas em 2018. As Filipinas têm o maior número de mortes no mundo: 30 assassinatos de pessoas que defendem o meio ambiente.

No mundo, foram mortos 164 ativistas ambientais por defender suas casas, terras e recursos naturais contra projetos de mineração, florestais ou agroindustriais. Em média, três pessoas morreram por semana no ano passado. Mais da metade dos casos ocorreu na América Latina.

O documento aponta que outros "incontáveis" ativistas sofreram violência, intimidação e uso ou modificação de leis antimanifestação. A mineração foi o setor mais letal, com 41 pessoas assassinadas por protestar contra o efeitos da extração ilegal.

As Filipinas substituíram o Brasil em 2018, que foi líder na contagem de mortes em 2017. Em segundo lugar aparece a Colômbia, com 24 mortes no ano passado, e, em terceiro, a Índia, com 23. Por outro lado, a Guatemala, com 16 assassinatos confirmados, é o país com mais mortes em relação ao número de habitantes.

"É um fenômeno que pode ser visto em todas as partes do mundo. Os defensores do meio ambiente e da terra, dos quais um número significativo são representantes dos povos indígenas, são considerados terroristas, criminosos ou delinquentes por defenderem seus direitos", denuncia no informe Vicky Tauli-Corpuz, relatora-especial sobre os direitos dos povos indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU).

    "Esta violência supõe uma crise para os direitos humanos, mas também uma ameaça para todos aqueles que dependem de um clima estável".

O número de mortos reduziu em comparação com 2017, que foi o ano mais mortífero, quando foram registradas 207 vítimas. A Global Witness aponta que o montante pode estar subvalorizado no ano passado, principalmente porque alguns crimes ocorrem em lugares muito remotos.

Aumento da intimidação

O incidente mais mortal registrado pela ONG em 2018 ocorreu no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, onde 13 pessoas morreram após uma manifestação contra uma mina de cobre, segundo a organização.

No Brasil, pelo menos oito ativistas envolvidos em disputas com representantes da indústria da soja morreram em 2018 apenas no estado do Pará.

Nas Filipinas, nove produtores de cana, incluindo mulheres e crianças, foram mortos por homens armados na ilha de Negros, observando que o advogado que representa as famílias das vítimas foi assassinado 15 dias depois.

A organização também denuncia uma "tendência preocupante" em relação à intimidação e à prisão de defensores do meio ambiente, uma semana antes de o grupo de especialistas sobre clima da ONU (IPCC) publicar um relatório sobre o uso da terra que deverá destacar a importância dos povos indígenas na proteção da natureza.

O relatório também denuncia o papel de investidores, incluindo bancos de desenvolvimento, em projetos polêmicos, e cita algumas empresas acusadas de facilitar a violação dos direitos.

"Não basta que as multinacionais ligadas ao confisco de terras evoquem sua ignorância", insiste.

"Eles têm a responsabilidade de garantir preventivamente que as terras de que eles se beneficiam tenham sido arrendadas legalmente, com o consentimento das comunidades que nelas habitaram por gerações". (G1)