Do G1- Um grupo de peregrinos de Novo Horizonte (SP), liderado por um padre, tenta voltar ao Brasil após o ataque do Hamas em Israel. O balanço recente das autoridades locais indica que mais 1,2 mil pessoas morreram desde o início do conflito, no sábado (7).

 

A disputa começou depois que o Hamas, grupo extremista armado que é uma das maiores organizações islâmicas nos territórios palestinos, realizou neste sábado um ataque-surpresa contra a região sul do país. A partir da Faixa Gaza, foram lançados, segundo o grupo armamentista, 5 mil foguetes. Israel declara que foram 2,5 mil artefatos.

Pelas redes sociais, o padre Fábio Vieira tranquilizou amigos e fiéis sobre a situação. Segundo ele, em Nazaré, região norte de Israel, onde o grupo de 33 peregrinos está, apenas os passeios foram suspensos. Contudo, espera poder retornar ao Brasil o quanto antes.

“Recebemos notícia de que a qualquer momento podemos sair do país. Não sabemos se será segunda ou se será terça, se vai ser o grupo inteiro ou será dividido. Estamos aguardando alguma mensagem, mas estamos de malas prontas."

Voos lotados

Quem também aguarda angustiada o retorno para o Brasil é a empresária de Bauru (SP) Flávia Meire Silva Vidoto. Flávia faz parte de um grupo de 35 brasileiros que também estava em Israel quando ocorreram os ataques.

Segundo a empresária, o retorno do grupo, que está em Jerusalém e fez passeios por Tel Aviv, está marcado para o dia 13 de outubro e, apesar da possibilidade de continuarem no país, estão tentando antecipar ao máximo a volta para o Brasil.

“Ainda não conseguimos voltar. Para antecipar (o voo) está tudo lotado. Preenchemos o formulário do consulado e estamos aguardando eles chamarem”, relatou ao g1.

Barulho mais perto

O publicitário Mateus Barbosa Duarte, de Sorocaba (SP), também vive momentos de tensão, mesmo estando no Brasil. É que os pais e tios dele estão hospedados ao lado de um hotel militar, em Jerusalém, e não possuem previsão de volta para casa.

“[O confronto] está começando a chegar perto deles. Eles já escutam barulho de tiros, coisas que eles não estavam ouvindo. Hoje a sirene tocou também. A gente precisa tirar eles de lá”, afirma o filho.

De acordo com Mateus, os pais e os tios saíram de Sorocaba e viajaram para o país em um grupo de 11 pessoas para celebrar uma festa religiosa em Israel. O retorno para o Brasil aconteceria nesta segunda-feira (9), mas foi adiado por conta dos conflitos.

Os pais de Mateus contaram que viram os mísseis e tiveram que se esconder em um bunker durante um dos passeios por Jerusalém. No sábado (7), ouviram sirenes ao longo do dia alertando a população. Em um vídeo enviado ao g1, é possível ver o momento em que a mãe do publicitário, Mirian Duarte da Silva, ouve a sirene e corre com outros turistas para se proteger dos misseis (confira abaixo).

Além da luta para retornar ao país, o pai do publicitário, Romeu Barbosa, vive outro drama: diagnosticado com diabetes, ele faz uso de insulina. De acordo com Mateus, o remédio já acabou, o que aumentou ainda mais a preocupação com a família.

“A gente está desesperado, porque até então eles estavam bem. Estão no hotel e estava tudo bem, só que agora [o conflito] começou a chegar perto deles. A gente não sabe o que pode acontecer mais”, desabafa.

Por conta do pedido de Mateus, a Prefeitura de Sorocaba criou um canal para tentar ajudar as famílias da região com parentes em Israel ou na Faixa de Gaza. Os interessados podem entrar em contato com a Secretaria da Cidadania pelo telefone (15) 99119-9847.

Resgate da FAB

No domingo, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou o início de uma operação de repatriação de brasileiros que estão na área de conflito. Um avião KC-30, com capacidade para 230 passageiros, foi enviado no domingo de Natal (RN) para a Itália. Outras cinco aeronaves serão enviadas.

O primeiro avião enviado pousou em Roma na manhã desta segunda-feira (9). Até a última atualização desta reportagem, o governo ainda não tinha divulgado a lista de passageiros e o horário previsto de chegada do avião ao aeroporto Ben-Gurion, nos arredores de Tel Aviv.

O ataque

Por terra, ar e mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelense. Agências internacionais relataram que eles atiraram em pessoas que estavam nas ruas da região. Também houve relatos de dezenas de israelenses levados como reféns para Faixa de Gaza, incluindo mulheres e crianças.

Esse foi considerado um dos maiores ataques que Israel sofreu nos últimos anos (leia detalhes mais abaixo nesta reportagem). Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação.

"Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu."

Ainda no sábado, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza. Segundo as forças israelenses, os alvos eram locais ligados ao Hamas, que controla a região. Na madrugada deste domingo, novas explosões foram reportadas em Gaza, e os ataques se intensificaram ao amanhecer.

Além disso, de acordo com a agência de notícias Reuters, militares israelenses afirmaram que ataques foram feitos contra o norte de Israel a partir do Líbano.

Esses novos bombardeios foram reivindicados pelo grupo armado Hezbollah, que afirmou ter disparado foguetes em "solidariedade" ao povo palestino.

Os alvos, segundo o próprio Hezbollah, seriam três posições militares israelenses em uma região conhecida como Fazendas de Shebaa, que está em um território ocupado por Israel desde 1967. Essa área é reivindicada pelo Líbano.

O Gabinete de Segurança de Israel emitiu uma declaração oficial de guerra contra o Hamas neste domingo. A medida oficializa o que já havia sido anunciado por Netanyahu e permite que o governo mobilize mais reservistas e intensifique a resposta militar ao conflito.

O conflito entre Israel e Palestina se estende há décadas. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.

Israel foi reconhecido como país no ano seguinte. Desde então, há uma disputa por território, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas sem sucesso.