Morar em um ambiente rodeado de verde, barulho de aves e ar fresco das árvores parece um sonho para muitas pessoas que vivem em cidades movimentadas e cercadas de grandes prédios e condomínios de concreto.

A paz e a calmaria que se pode encontrar nesses lugares repletos de verde e ar puro são um convite para quem busca viver de forma mais tranquila e em contato direto com a natureza.

 

Fora os benefícios para a saúde mental, morar em campos e chácaras pode melhorar, e muito, a qualidade de vida. Além disso, é importante para a saúde respiratória, ajudando no tratamento de pacientes que têm bronquite asmática, doença que pode ser desenvolvida por conta da poluição do ar.

O g1 conversou com dois especialistas em saúde mental e respiratória para entender melhor quais são as vantagens para quem decide se mudar da cidade grande para o campo. Confira:

Menos estresse

O médico pneumologista Alexandre Augusto Campedelli, inclusive, viveu a experiência de sair da grande São Paulo e se mudar para Sorocaba, no interior do estado, em busca de uma melhor qualidade de vida.

"Eu morava em São Paulo e saí de lá por causa do excesso de trânsito. Eu passava mais tempo no trânsito do que na minha casa, chegava a ficar parado quase três horas para chegar ao meu destino final. Então, a primeira coisa que a gente pode destacar é em relação ao estresse. Como cidades mais próximas à natureza possuem menos trânsito, o estresse com a demora e a poluição sonora e do ar são muito menores", diz.

Ar mais puro

Além da redução do estresse, Alexandre destaca a qualidade do ar que podemos encontrar em lugares arborizados e com uma grande quantidade de verde.

"Quando moramos no interior, em uma chácara ou sítio, por exemplo, estamos expostos a vários estímulos benéficos para a saúde, tanto visuais, quanto em relação ao ar mais puro, menos carregados de poluição", reforça.

Prova disso é que o pneumologista tem muitos pacientes asmáticos ou com bronquites respiratórias que deixaram as grandes cidades, como São Paulo e o ABC Paulista, e optaram por morar em lugares mais tranquilos, mantendo um contato direto com a natureza. De acordo com o médico, eles relatam diminuição das crises respiratórias desde que passaram a morar no interior.

"Tenho muitos pacientes que decidem mudar de vida e optam por morar em locais afastados da loucura de se viver na cidade, e relatam uma grande melhora em seus quadros de crises respiratórias, após se mudarem para regiões de grande natureza", comenta.

Rotina mais saudável

Morar no campo traz, ainda, a possibilidade de manter uma rotina mais saudável. Com um espaço maior, é possível produzir os próprios alimentos através de hortas caseiras e plantações de árvores frutíferas, o que faz com que a alimentação fique mais natural.

Além de terem menos chances de desenvolver doenças respiratórias, as crianças que crescem em contato com a natureza podem desfrutar dos espaços para brincar em meio aos animais e às plantas.
"Além do benefício mental, podemos encontrar o benefício para o nosso corpo, tendo mais tempo para fazer as nossas coisas, sem nos preocupar tanto com os horários, já que o fluxo de trânsito é menor. Também temos mais tempo com a família, dando a possibilidade de uma vida mais saudável para os nossos filhos também", continua.

Saúde mental

A psicóloga Suelen Santos destaca que a sensação de relaxamento e bem-estar que áreas verdes podem proporcionar é de extrema importância para a promoção da saúde mental.

"Estudos demonstram que a disponibilidade de áreas verdes tem o potencial de provocar a sensação de relaxamento e bem-estar, além de facilitar a prática de atividades físicas, o que contribui para a promoção da saúde mental na população", diz.

No entanto, ela ressalta que a saúde mental pode ser "conquistada" morando em lugares com bastante verde, mas que cada pessoa lida de maneira individual com esse assunto, e que é importante cada indivíduo reconhecer de quais formas ele pode alcançar o bem-estar psicológico.

"Essa satisfação não depende exclusivamente do ambiente onde a pessoa está inserida, mas, sim, da capacidade emocional da pessoa em perceber este ambiente e também qual acesso ela terá à promoção de saúde para o além dos verdes nos campos, acesso à promoção de saúde física, mental, educacional, saneamento, entre outras", finaliza.
G1