Planejamento nos estudos, gestão do tempo de prova, a hora certa para folgar, uso consciente do celular... Não foi por sorte que o jovem Pedro Bardella Fabrino, de Ribeirão Preto (SP), está entre os que gabaritaram as questões de matemática no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2023).

Com uma rotina de estudos de 11 horas por dia, de manhã até o início da noite, o estudante de 18 anos viu seu esforço recompensado pelos 958,6 na disciplina - que não teve nota 1 mil devido à anulação de uma das 45 questões -, e também ficou perto de bater a nota máxima na redação, com 980.

"Eu pegava a matéria e ia revisando, dando aula pra parede para ficar na cabeça. Era isso”, lembra.

Feliz com o resultado, ele espera obter pontuação suficiente para a faculdade de medicina na USP de Ribeirão Preto, que oferece acesso por meio da nota do Enem.

“Estou otimista. Vendo as notas do ano passado, todos os alunos que estão estudando lá têm tido notas parecidas com a minha. A USP é primeira vez que abre vaga para ampla concorrência, não dá pra fazer comparativo, mas eles dão peso maior pra matemática, redação e ciências da natureza, onde fui bem. Acho que tenho uma chance.”

 Rotina de estudos: revisões diárias e 'aulas pra parede'

Com ensino médio completo, Pedro passou os últimos meses em uma rotina dividida entre o cursinho e o expediente extra em casa. Além das cinco horas de aulas, ele dedicava outras seis, até o início da noite, para reforçar tudo o que havia aprendido nas disciplinas, recorrendo a listas com tópicos e a exercícios. Com essa rotina, chegava a ver o mesmo conteúdo até três vezes no mesmo dia.

"Assistia a todas as aulas, almoçava e começava a estudar, revisava e fazia todos os exercícios e, no final do dia, lá pelas sete da noite, eu revisava de novo a matéria depois de ter feito os exercícios", explica.

Nessa revisão final do dia, ele revela que o segredo foi ter simulado que estava ensinando aquele conteúdo ao mesmo tempo em que anotava o que dizia. Tudo isso sozinho, no quarto, tendo a parede como "interlocutora". De quebra, todo domingo, tudo aquilo que era anotado ao longo da semana voltava a ser revisado, garantindo ainda mais a fixação dos conhecimentos.

"Eu anotava também, fazia dando essa aula pra parede, anotando, porque eu consigo lembrar escrevendo, anotava os tópicos principais e no fim de semana garantia o domingo e pegava tudo que eu via na semana e dava uma lida."

Distância do celular e hora certa para descansar

O estudante confirma que, ao longo de sua rotina, foi determinante a decisão de se afastar ao máximo do telefone celular. Na hora dos estudos, ele deixava o aparelho fora do quarto para não cair na tentação de checar as redes sociais.
O app da calculadora, até então usado no smartphone, deu lugar às contas de cabeça e à mão, o que resultou em uma mudança significativa no desempenho das provas, sobretudo de matemática.

 "Ajudou muito, no começo do ano eu ficava usado calculadora do celular, e via a diferença, no simulado errava um monte, parei de usar", diz.

E se havia hora certa para usar o celular, em uma sequência tão cansativa de estudos as folgas eram primordiais e reservadas aos sábados. Pedro se reunia com amigos, para pegar uma piscina ou simplesmente não fazer nada, tudo para dar um tempo necessário para a mente.

"Tinha simulado de manhã. Depois do meio-dia era só folga. Eu combinava de almoçar com amigos saindo do simulado às vezes só pra ficar de bobeira."

A prova: gestão do tempo e hora reservada para revisão

 Assim como no período de estudos, a execução do Enem 2023 também foi planejada o que fez toda a diferença, segundo Pedro. Nos dois dias de prova, o estudante entrou determinado a resolver as questões de cada área em períodos pré-estabelecidos.

"Eu vi um monte de vídeo no Youtube de um pessoal aprovado em medicina dando as estratégias deles, fui conciliando com que eu preferia e deu certo."

No primeiro dia, ele dedicou uma hora e meia para humanas, outras duas para redação, porque não se sentia tão à vontade com produção de textos, e outras duas horas para a prova de linguagens. No segundo dia, ele dedicou cerca de quatro horas para concluir as questões de ciências da natureza e de matemática e ainda reservou o tempo restante para revisar a resolução da prova de matemática.

Ele adotou essa tática por entender que, apesar de ter facilidade com a disciplina, ela tem muitas pegadinhas, tanto nas contas quanto nos enunciados dos exercícios. "Em matemática, foi a estratégia de prova que me ajudou."

A estratégia por fim deu certo, já que, segundo Pedro, nessa etapa final de revisão ele corrigiu duas questões que fariam muita diferença no resultado geral da prova. Ao gabaritar matemática e ir bem em redação, ficou com média final de 824 no Enem 2023, diante de 730 obtidos na prova do ano anterior.

 "Eu consegui achar duas questões em que tinha errado a conta. O enunciado eu li, só que que pulei uma informação. Aí consegui mudar e acertar. Eram questões fáceis que, se eu errasse, iriam diminuir minha nota", diz.

G1