O professor de um cursinho pré-vestibular em Ribeirão Preto (SP) avaliou o tema da redação da Fuvest 2023, cuja segunda fase foi aplicada neste domingo (8), como "atual e surpreendente". Os candidatos tiveram que discorrer sobre "Refugiados ambientais e vulnerabilidade social".

 

"O tema é bastante atual, em especial ao considerarmos as questões de mudanças climáticas, mas também bastante discutido ao longo dos anos no Brasil, devido, por exemplo, às questões da seca no Nordeste, já conhecidas; não impressiona Vidas Secas ter sido dado como parte da coletânea", argumentou o professor de redação Rafael Colucci, das Escolas SEB.

Os candidatos também contaram com outros textos de apoio de Graciliano Ramos, além de obras de Ailton Krenan, foto do livro Êxodos, de Sebastião Salgado, e reportagens com dados e informações sobre o assunto.

Para Colucci, "surpreende" a fundação ter optado por esse tema, uma vez que, segundo ele, costuma apresentar assuntos mais abstratos e amplos. Na última edição, a proposta foi "As diferentes faces do riso".

"Este ano apresentou um recorte mais específico. Para uma prova que exige repertórios externos, o tema ser mais específico e prático tende a dificultar a produção do texto, especialmente se o aluno se mantiver preso apenas à questão de refugiados ambientais e não realizar pontos com assuntos mais gerais de desigualdade social, movimentos migratórios e até mesmo refugiados de modo geral", concluiu.

Com a proposta, a Fuvest afirma que espera que os candidatos reflitam a respeito dos deslocamentos forçados por desastres ambientais, assim como aqueles causados pelas mudanças climáticas, que afetam principalmente grupos sociais mais vulneráveis e causam crises humanitárias.

A etapa
Além da redação, os candidatos também tiveram que responder a dez questões dissertativas de português. Eles começaram a deixar as salas às 15h. A segunda fase foi encerrada às 17h deste domingo.

Já nesta segunda-feira (9), os candidatos retornam aos seus locais de prova, para responderem a 12 questões dissertativas de disciplinas relacionadas à carreira escolhida.

Quem optou pelas carreiras de artes visuais, artes cênicas e música terá uma terceira avaliação. A prova, de habilidades específicas, acontecerá entre os dias 11 e 14 de janeiro.

Em Ribeirão Preto e Franca (SP), são quase 2,6 mil inscritos na segunda fase. No campus da USP em Ribeirão, a nota de corte para ampla concorrência entre candidatos de medicina é 79, a segunda mais alta, ficando atrás apenas de medicina em São Paulo, 81.

Nova metodologia
Neste ano, começa a valer o sistema, chamado de Enem-USP, que passará a realizar a seleção das vagas antes destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com isso, a USP deixará de oferecer vagas no sistema do Ministério da Educação.

No total, com o sistema Enem-USP serão 11.147 vagas para ingresso na Universidade. Pela Fuvest, serão 8.230 vagas, 1.096 destinadas a alunos pretos, pardos e indígenas oriundos de escolas públicas (PPI).

EPTV