Aposentada foi presa na quinta-feira (26) em Santa Cruz do Rio Pardo.  Ela admitiu que a maioria dos bens da família foi pago por Sueli Feitosa.

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Auditoria é realizada na prefeitura após a descoberta de desvio (Foto: Reprodução / TV TEM)

A mãe da ex-tesoureira da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), suspeita de desviar mais de R$ 3,5 milhões dos cofres públicos, Maria da Conceição, foi ouvida novamente na quarta-feira (1º) pela Polícia Civil e mudou o depoimento.

Segundo o delegado, desta vez a aposentada admitiu que a maioria dos bens da família foi pago por Sueli Feitosa. "No primeiro depoimento ela disse que foi com muito esforço que conquistaram o que tem, com venda de imóveis. E hoje ela reconheceu que grande parte dos imóveis foi comprado com valores dados pela filha Sueli, o que corrobora as investigações da polícia", diz o delegado Renato Mardegan.

A idosa de 70 anos está presa há seis dias no presídio de Pirajuí. A filha, Sueli Feitosa, continua foragida. Ainda segundo Mardegan, a idosa contou à polícia que chegou a questionar a filha sobre o dinheiro. "Ela disse que desconfiou e chegou a interpelar a filha Sueli sobre esses valores e ela desconversava e ela passivamente aceitava essa situação."

Na sexta-feira (27), a irmã e o cunhado de Sueli foram à delegacia espontaneamente e mudaram o depoimento após a prisão da mãe da ex-tesoureira. Camila Feitosa, Adilson Gomes e o advogado do casal foram à delegacia sem serem intimados. De acordo com o delegado Valdir Alves de Oliveira, o casal mudou parte das declarações que podem alterar as investigações.

“O Adilson alterou apenas um tópico de sua versão anterior, que não muda muito o caminho da investigação. Mas essa declaração vai ser usada depois em outro procedimento que vai ser instaurado contra ele. Eu não posso revelar este tópico porque pode atrapalhar nossa investigação”, explica o delegado.

Dois caminhões de Adilson foram apreendidos. Se comprovada a ligação entre o dinheiro utilizado na compra dos veículos com os supostos desvios de dinheiro da prefeitura, os veículos serão utilizados para ressarcir os cofres públicos.

A Justiça determinou na segunda-feira (30) o sequestro dos bens da ex-tesoureira. Sete imóveis, sendo uma chácara e seis casas dela e de parentes, estão bloqueados. A casa em que Sueli de Fátima Feitosa morava está avaliada em R$ 1 milhão, segundo a polícia. Com o sequestro, os donos não podem vender esses bens.

“Já tínhamos pedido o bloqueio de vários veículos que estão relacionados a Sueli e a familiares. São bloqueios administrativos, a pessoa tem um gravame no veículo e não pode vender. E também agora esses sequestros dos imóveis que é lançado na matrícula desses imóveis esse gravame, também não pode ser alienado e no final do processo, se o juiz entender que são bens oriundos do ilícito, eles serão alienados e ressarcidos da prefeitura”, explica o delegado Valdir Alves de Oliveira.

Beneficiária direta
Maria da Conceição Feitosa, de 70 anos, foi presa na quinta-feira (26). A mãe da ex-tesoureira agiu com o objetivo de dificultar as investigações e é beneficiária direta dos desvios de dinheiro feitos pela filha, ainda de acordo com o delegado.

Com base em um levantamento de todas as posses e bens em nome de Sueli Feitosa e em pessoas da família dela, a polícia afirma que a ex-tesoureira da prefeitura é suspeita de ter desviado mais que os R$ 3,5 milhões descobertos inicialmente.

A polícia chegou a essa conclusão prévia depois que uma análise apontou que o patrimônio da suspeita e da família é maior do que o valor de dinheiro desviado e que é incompatível com o que ela recebia como funcionária, aproximadamente R$ 2 mil por mês.

A polícia já ouviu no inquérito as três irmãs de Sueli, dois cunhados e a mãe dela, todos na condição de investigados. Nesta sexta-feira (27), a irmã de Sueli, Camila Feitosa e o marido Adilson Gomes, prestou novo depoimento à polícia e mudou parte das declarações. "Por enquanto não muda muito as investigações, mas será usado mais pra frente", afirma o delegado Valdir Alves de Oliveira.

A ex-tesoureira foi exonerada da prefeitura está foragida desde o dia 30 de dezembro do ano passado. A prisão preventiva dela foi decretada pela Justiça com base no pedido feito pela Polícia Civil. A polícia ainda aguarda a decisão da Justiça sobre os pedidos de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de Sueli Feitosa.

Desvio de verba
Segundo o delegado, o objetivo é descobrir qual o real patrimônio construído pela funcionária pública Sueli de Fátima Feitosa enquanto ocupou o cargo de diretora na prefeitura. “Através da queda do sigilo fiscal nós conseguimos analisar o patrimônio dela e dos familiares a fim de verificar se existe uma correspondência entre o ganho real e o patrimônio que eles ostentam e declararam à Receita Federal.”

Segundo as investigações, a suspeita pegava dinheiro do caixa da prefeitura e depositava em contas pessoais. Para esconder o desvio extratos bancários eram falsificados. A Polícia Civil apreendeu documentos, contratos e computadores na casa da suspeita - que não está na cidade - e de parentes dela. Todo o material está sendo analisado. Segundo o delegado, o responsável pode responder por peculato, falsificação, falsidade ideológica, estelionato e possível associação criminosa. (TV Tem)