Reportagem Revistanet- As queimadas no mês de junho, seco por natureza, vêm atingindo de cheio a população brasileira, especialmente quem tem problemas respiratórios. Em Itápolis, vem atingindo em cheio moradores. Quem mora próximo a rodovia Tarquinio Belentani, reclama que vem sofrendo com o problema. Segundo Fernanda Ortega, que mora em um condomínio á margem da Rodovia, durante toda a semana houve queimadas. Na segunda-feira, ela diz que não deu para passar na estrada que dá acesso a sua casa(foto acima, feita por Fernanda nesta segunda-feira). "Tive que dar volta por outro caminho... a casa toda suja e cheia de fuligem".

Os moradores do Jardim Itauera 2, que também fica próximo ao local, também reclamam. Segundo eles, o céu vem amanhecendo marrom a dias, com uma mistura de poeira com fumaça. "Tá difícil respirar. Esta semana lavei a casa inteira com esguicho. Tem terra e fuligem dentro de casa".

Mas não só os moradores de Itápolis que reclamam. Quem vive em Ibitinga e região também vem reclamando das queimadas. "Povo que não tem consciência. Está uma seca enorme e eles colocam fogo. Ato criminoso e covarde"; postou um morador de Ibitinga em sua rede social.

No âmbito geral do país, Pará, Amazonas e Mato Grosso são os estados com o maior número de focos de fogo detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em agosto deste ano. Juntos, eles representam 60% das queimadas do mês. A Amazônia é o bioma que registrou a maior quantidade de pontos de calor, mas, em comparação, o Pantanal é o mais afetado: ele tem uma área 36 vezes menor, mas só 5 vezes menos fogo.


Queimadas de 1º a 17 de agosto, no Brasil:

    Pantanal tem 3.279 pontos de calor; Amazônia tem 16.763; e o Cerrado, 4.821;
    Amazônia tem 5,5 milhões de km² – área 36 vezes maior que a do Pantanal (150 mil km²) e quase três vezes maior do que a do Cerrado (1.910.000 km²);
    Neste mês, as cinco cidades com mais focos de calor são: Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA), Corumbá (Mato Grosso), Novo Progresso (Pará) e Poconé (Mato Grosso);
    Em comparação com o período de 1º a 17 de agosto de 2019, o Pantanal apresenta uma alta de 231% nos registros de queimadas do Inpe; a Amazônia tem uma queda de 14%, mas, exceto o ano passado, é o maior número desde 2010.
    Pará, Amazonas e Mato Grosso concentram o maior número de focos no mês: 7.589, 4.786 e 4.430, respectivamente. Os três estados também são os mais afetados desde 1º de janeiro.

Os focos de calor são detectados por satélites monitorados pelo Inpe. O Aqua, de referência, também é utilizado pela agência espacial americana (Nasa) e "apresenta dificuldades técnicas desde 16 de agosto". O instituto, para minimizar o impacto nos dados, passou a usar os dados que chegam diretamente nas antenas do Inpe, localizadas em Cuiabá (MT) e em Cachoeira Paulista (SP). Por isso, os números nestes dois últimos dias podem estar prejudicados nos estados do Amapá, Roraima, Rondônia, Acre e também no norte do Amazonas.

Dados anuais

Assim como neste mês de agosto, os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas também lideram as queimadas do ano. As queimadas são uma das consequências do desmatamento na Amazônia e, nos últimos 12 meses, foram as florestas paraenses que perderam maior área - no topo do ranking, o estado perdeu 2.909 km² desmatados no período, quase o dobro de tamanho da cidade de São Paulo. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento, desenvolvido pelo Imazon.

Em toda a Amazônia, segundo a organização, 6.536 km² de floresta nativa foram derrubados, um aumento de 29% em comparação com o ano anterior. A análise compreende os meses entre agosto de 2019 e julho de 2020.