Já reparou que às vezes seu pet vai lhe fazer companhia quando você está triste? Ou que ele pode ficar incomodado se te ver estressado? Especialistas explicam o motivo deste comportamento acontecer e como as emoções humanas podem afetar os animais e vice-versa.

Buscar conforto, companhia e amor em animais de estimação nunca foi tão frequente, segundo a psicóloga clínica e especialista em saúde mental, Mariana Harumi, de Itapetininga (SP), a geração atual tende a se sentir solitária por possuir dependências emocionais, carência afetiva, dificuldade de lidar com frustrações e desenvolver ansiedade e depressão, fatores que influenciam na necessidade de ter um "porto seguro", alguém fiel que vai retribuir toda a doação afetiva recebida.

 "Animais de estimação são muito efetivos, muito companheiros, eles acompanham e adotam alguém da casa. Houve um aumento significativo de adoção de animais nos lares, as pessoas foram percebendo o quanto é saudável ter uma animal dentro de casa" , explica Mariana.

 

A veterinária Yasmin Correa, também moradora de Itapetininga, conta que os pets são excelentes leitores de linguagem corporal, eles analisam os tutores através da visão, pelo olfato e pela audição, pois conseguem diferenciar os sons humanos, assim, eles sabem exatamente quando estamos felizes ou tristes.

O produtor musical e recreador infantil também de Itapetininga, Matheus Ferrandes, percebeu que seu gato Lucca, frequentemente espelha as suas emoções ou demonstra afeto em momentos melancólicos, assim como o seu cachorro Luy, que quer participar das brincadeiras da família e mostrar que também está feliz.

"Ele (Lucca) fica bastante próximo, com bastante contato físico, como se quisesse dizer 'estou aqui por você'. Já no caso do Luy, quando estamos felizes é notável a vontade dele de participar e de querer brincar. É como se nós falássemos a mesma língua sem proferir nenhuma palavra, é uma troca de amor e confiabilidade gigantesca, principalmente se tratando de gatos, que por natureza, são animais mais introspectivos e mais cautelosos", relata.

Yasmin também conta que este "espelhamento" é comum, pois já presenciou momentos em consultas veterinárias, de donos com medo de agulhas e quando foram segurar o animal para a aplicação, "transferiram" a insegurança para ele, que também ficou assustado com a seringa.
"Com o espelhamento das emoções dos tutores, os animais podem apresentar algumas alterações comportamentais, como estresse e ansiedade", explica a veterinária.

Catalisadores de afeto

Segundo a psicóloga Mariana, os animais podem se chamados de catalisadores de afeto e de coterapeutas, pois possuem função curativa na saúde mental e apoio emocional de pessoas com dificuldades emocionais.

"Quem tem animais acaba sendo convocado para fora da dor e do sofrimento psíquico, pois ele (animal) tem necessidades, chama pra passear, a pessoa pode até estar chateada mas o animal arranha a porta, precisa limpar a sujeira, dar água, dar comida," explica Mariana

Conforme explica a veterinária Yasmin, os animais apegados aos tutores vão fazer de tudo para defendê-los se virem alguma situação ameaçadora ou para animá-los se estiverem cabisbaixos.

Apego excessivo

A conexão entre tutor e pet só poderá ser prejudicial se for excessiva, explica Mariana Harumi. Se apegar exacerbadamente ao animal, proteger demais e limitar que ele aja conforme sua própria natureza, poderá fazê-lo sofrer, pois a preocupação do dono será projetada no pet, que poderá desenvolver medos e ansiedade.

"Existem muitas doenças que se relacionam com estresse crônico, como no caso a síndrome da pandora em gatinhos, que por algum estresse ambiental, o animal fica com alteração em parte urinária e mudando o manejo ambiental, tudo melhora", acrescenta a veterinária Yasmin.

Mariana finaliza explicando que os animais estão cada vez mais sendo inseridos no tratamento de saúde mental e que a tendencia é que estes métodos continuem sendo reproduzidos.


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