Autoridades de saúde de cidades do centro-oeste paulista acenderam o sinal de alerta para um problema que até o ano passado não causava tanta preocupação no cenário da pandemia: o aumento nos casos positivos de Covid-19 em crianças.

No início da pandemia, muito mais idosos e pessoas com comorbidades eram diagnosticados com a doença. Até então, as crianças faziam parte de um grupo que praticamente não apresentava sintomas e só tinha casos mais leves da doença.

Neste ano, porém, o aumento de casos de coronavírus em crianças vem chamando atenção em cidades como Marília e Botucatu.

Em Marília, a faixa de 0 a 9 anos teve uma alta de registros da doença de 168%: de 377 casos em 2020 para 1.008 diagnósticos apenas nesses primeiros meses de 2021. Na faixa etária de 10 a 19 anos, o aumento de casos foi de 221%, de 536 em 2020 para 1.719 neste ano.

Esse cenário já é sentido nos leitos hospitalares da cidade, onde a ocupação para esta faixa de idade cresceu 100% apenas nos primeiros meses de 2021 em relação ao ano passado.

Na Santa Casa de Marília, o número de crianças internadas na UTI teve uma alta no início do ano: em março eram seis leitos desse tipo ocupados e em abril passou para dez.

O Hospital Materno Infantil registrou a mesma tendência. Em março deste ano, 15% dos leitos da UTI pediátrica estavam ocupados, mas em abril o índice disparou para 85%. Na cidade, uma criança de 12 anos morreu por causa da Covid-19.

"A gente percebe que após a introdução da nova cepa de Manaus do vírus, que a gente chama de P1, houve aumento de casos tanto de adultos jovens como de crianças. A variante tem provocado mais hospitalização dos casos, com a percepção do contágio dentro dos domicílios, o que sugere aumento nos cuidados", explica Alessandra Arrigoni, supervisora da Vigilância Epidemiológica de Marília.

São casos como de Lorenzo, de 3 anos, que começou a reclamar de cansaço e dores após brincar de futebol.

O garoto de 3 anos foi diagnosticado quando a mãe, Tatiane da Silva Bueno, procurou atendimento médico para ela, que estava com sintomas da doença. Para sua surpresa, os dois testaram positivo e a preocupação, logicamente, foi maior com o filho.

 Botucatu
A preocupação em Botucatu é porque a cidade lidera a lista no centro-oeste paulista dos principais municípios onde o registro de crianças de 0 a 9 anos é o maior entre os contaminados: na cidade, 7,3% dos diagnósticos positivos são dessa faixa etária.

Na sequência desse ranking aparecem as cidades de Marília, com 4,4% (1.008 casos), Ourinhos, com 4,3% (471 casos), e Bauru, com 2,2% (890 casos), segundo dados do governo de São Paulo.