A educação tem como objetivo preparar a criança e o jovem para o futuro que, ela como adulto, vai enfrentar. O grande dilema é que o conteúdo que um aluno aprende na escola, hoje, dificilmente ainda será relevante no momento em que ele se formar na faculdade. De fato, estudo da Universidade de Oxford aponta que 47% dos trabalhadores serão eliminados nos próximos 20 anos.
Em artigo para o Inc., o consultor de inovação Greg Satell afirma que muito do que sabemos sobre o mundo não será mais verdade em uma ou duas décadas. Com isso, o futuro das crianças precisa ser repensado.
"Os computadores do futuro não serão digitais. Os próprios códigos de software estão desaparecendo ou, pelo menos, perdendo relevância", escreveu.
Entendendo sistemas
Os assuntos que aprendemos na escola foram quase sempre estáticos. Dois mais dois sempre foram iguais a quatro e Colombo, de fato, descobriu a América em 1492.
Em geral, interpretações podem ter se diferenciado de um lugar para outro e evoluído ao longo do tempo, mas aprendemos que a história do mundo era baseada em fatos e fomos avaliados com base neles.
Os próprios computadores também serão muito diferentes, menos fundamentados em uns e zeros e mais em leis quânticas ou no cérebro humano.
"Desta forma, as crianças precisam aprender menos sobre como as coisas são hoje e mais sobre os sistemas nos quais as tecnologias futuras serão baseadas, como a dinâmica quântica, a genética e a lógica do código", avalia Satell.
O que economistas já constataram é que trabalhos rotineiros têm maior probabilidade de serem substituídos por robôs.
E a melhor maneira de preparar os futuros profissionais é desenvolver a capacidade de aprendizado e de adaptação das crianças.
Empatia e design
Ainda que as máquinas estejam assumindo muitas tarefas de alto nível, como análises médicas e pesquisas jurídicas, há algumas coisas que elas nunca farão. Um computador nunca terá seu coração partido ou verá seu filho nascer.
Assim, é improvável, se não impossível, que uma máquina seja capaz de se relacionar com um humano como outros humanos.
Habilidades de design provavelmente devem ter alta demanda por décadas, à medida que a produção básica e os processos analíticos são cada vez mais automatizados.
Já vimos este processo acontecer em relação à internet. Nos primeiros dias, era um campo muito técnico. Você tinha que ser um engenheiro altamente qualificado para fazer um site funcionar.
Hoje, no entanto, a criação de um site é algo que qualquer estudante de ensino médio pode fazer. Tarefas de front-end, como projetar a experiência do usuário, por sua vez, ganharam relevância e têm maior valor agregado no mercado, afirma o consultor de inovação.
E não é só isso. Com o advento da inteligência artificial e da realidade virtual, nossas experiências com tecnologia se tornarão muito mais imersivas e isso aumentará a necessidade de um bom designer.
Capacidade de comunicação
A educação há anos tem focado em temas ligados à ciência, tecnologia, engenharia e matemática. No entanto, a capacidade de comunicar ideias de forma eficiente está se tornando uma habilidade altamente valorizada.
Então, aprender matemática e ciências é tão importante quanto estudar literatura, história e filosofia. Uma competência não inviabiliza a outra. Pelo contrário, elas são complementares.
Trabalho em equipe
Tradicionalmente, o trabalho escolar tem sido baseado em realizações individuais. Você estudava em casa e fazia provas para ser aprovado ao próximo semestre. Fomos ensinados a ser responsáveis por nossos próprios méritos.
No entanto, mesmo trabalho de alto valor hoje está sendo feito em equipe e isso aumentará à medida que mais empregos forem automatizados.
Para Satell, os empregos do futuro não dependerão tanto do conhecimento de fatos, mas envolverão humanos colaborando com outros seres humanos para projetar trabalhos para máquinas.
"Precisamos prestar atenção não apenas ao modo como nossos filhos trabalham e se desenvolvem academicamente, mas também como eles jogam, resolvem conflitos e fazem com que os outros se sintam apoiados e empoderados. Como as crianças serão cada vez mais capazes de aprender assuntos complexos através da tecnologia, a aula mais importante pode ser o recreio", alerta Satell. (Epoca)