A Casa Cairbar Schutel de Araraquara pode deixar de ser hospital psiquiátrico ainda no primeiro semestre de 2017, quando a entidade completa 50 anos. O projeto para esta mudança já está traçado, mas ainda precisa ser discutido com todos os órgãos da área da Saúde municipal, estadual e federal para sair do papel.
O plano da diretoria prevê que a Casa Cairbar assuma os serviços do RAPS municipal (Rede de Atenção Psicossocial). Dessa forma, os profissionais ligados à entidade prestariam todos os atendimentos municipais relacionados à saúde mental, incluindo a emergência 24 horas e o CAPS/AD, que cuida dos dependentes de drogas e álcool e também se propõe a acolher os moradores de rua.
Se confirmado, Araraquara passaria a ser a primeira cidade paulista a ter esse serviço terceirizado, o que poderia servir de piloto para ser levado a outras cidades paulistas.
De acordo com o diretor-presidente da Cairbar, Osvalte Nogueira, a equipe técnica da entidade - médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais - teria totais condições de prestar os serviços. Dessa forma, o hospital deixaria de atender os 23 municípios da região para focar apenas nos pacientes de Araraquara e micorregião.
“Assumiríamos toda a rede psicossocial com nosso pessoal técnico. A partir de 31 de março, os hospitais psiquiátricos deixarão de existir. Então em Araraquara nós é que desenvolvemos esse projeto e está sendo muito bem aceito. Foi apresentado na secretaria estadual e no Ministério da Saúde em Brasília”, diz o diretor presidente.
A intenção é que a Casa Cairbar seja um centro de formação e ressocialização para os pacientes com transtornos mentais, como já tem acontecido. Hoje, cerca de 150 pacientes passam o dia todo na entidade trabalhando ou participando de oficinas culturais e profissionalizantes.
A Secretaria de Saúde de Araraquara, por meio de nota, afirma que apoia o projeto, pois acredita que é a saída mais viável para a atual situação do hospital. No entanto, explica que o principal entrave para a aplicação do plano é o financiamento, citando que a saída seria uma parceria entre os poderes municipal, estadual e federal.
Outro entrave seria o destino dos pacientes que hoje estão internados na entidade com graves problemas mentais, que deverá ser discutido.
Mudança pode salvar entidade
A alteração em toda a razão social pode ser fundamental para que a Casa Cairbar se mantenha financeiramente. Hoje, segundo o presidente do Cairbar, a entidade recebe R$ 228 mil por mês do SUS (Sistema Único de Saúde) para tratar seus 40 internos mais os 140 pacientes que o frequenta diariamente.
Esse montante equivale a 40% do total necessário e consegue pagar apenas os salários dos atuais 120 funcionários, sem os encargos trabalhistas - que estão atrasados há um bom tempo.
Sendo assim, a entidade tem de ‘dar um jeito’ de conseguir os outros 60% de que precisa para pagar medicamentos, luz elétrica, alimentos, água, entre outros gastos. “Pedimos doações, fazemos jantares beneficentes e temos nas oficinas uma forma também de arrecadação”, cita o diretor.
A mudança deve fazer os rendimentos advindos do SUS, hoje R$ 228 mil, crescer e se tornar suficiente para manter toda a estrutura da entidade.
Reunião importante
Uma reunião está marcada para amanhã com a presença da Coordenadora Estadual de Saúde Mental, Rosângela Elias. Também estarão nesse encontro a secretária de Saúde, Eliana Honain, a equipe da Diretoria Regional de Saúde III, dirigida por Antônio Martins, e a equipe do Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel, para debater o financiamento do projeto. (Informações do CidadeOn)