Do G1- Os G1 teve acesso aos laudos de exame de necropsia realizados nos corpos das primas Emily Victoria da Silva, de 4 anos, e Rebecca Beatriz Rodrigues Santos, de 7, mortas a tiros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira (4).


As crianças morreram após ferimentos em pontos como coração, fígado e cabeça.

Sobre Rebecca, o documento aponta que a criança teve o coração e o fígado atingidos. A perícia também indica que uma bala foi encontrada no corpo da menina, alojada no fígado. O projétil foi guardado pela polícia.

O laudo apresenta como causa da morte de Rebecca a "transfixação" desses órgãos. E, segundo o exame, a menina foi atingida na "região torácica esquerda".

No caso de Emily, o exame aponta que a criança foi atingida na cabeça, sendo apontada como a causa da morte a "ferida transfixante do encéfalo". O laudo indica, ainda, que o tiro que atingiu a garota entrou pela "região frontal direita".



Mortes e indignação

Emily e Rebecca brincavam na porta de casa, na comunidade Santo Antônio, quando foram baleadas.

A avó de uma de uma das meninas contou que estava chegando do trabalho e as crianças a esperavam na calçada para comprar um lanche.
Lídia Santos, avó da menina Rebeca, morta a tiros na porta de casa em Duque de Caxias (RJ) — Foto: Reprodução/TV Globo

Lídia Santos, avó da menina Rebeca, morta a tiros na porta de casa em Duque de Caxias (RJ) — Foto: Reprodução/TV Globo

A avó afirmou ter visto um carro da polícia passando próximo ao local por volta das 20h. Familiares das meninas disseram que não sabiam se havia uma perseguição, mas garantem que viram a polícia atirando.

"Estava chegando do trabalho e saltei do ônibus. Eu escutei no mínimo dez disparos. O ônibus passou e a blazer estava parada e deu aquele arranco para sair. Ele parou em frente à rua e simplesmente efetuou os disparos", disse Lídia Santos, avó de Rebecca.

Indignados, moradores de Caxias organizaram um protesto domingo seguinte às mortes.

Durante o ato, a mãe de Emilly, Ana Lúcia Silva Moreira, reafirmou que não havia confronto, operação policial ou tiroteio na comunidade antes de a filha ser morta.

"Eles [os policiais] só sabem fazer isso, dar tiro. Olhou, dá tiro. Quando percebi, eu só peguei o documento. Porque eu já sabia, minha filha já estava estirada. A minha filha levou tiro de fuzil na cabeça", lamentou a mãe.

Investigação

Após o crime, o setor de balística do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), da Secretaria de Polícia Civil, vai analisar se é possível fazer o confronto balístico de um fragmento de bala de fuzil encontrado no corpo de Rebecca.

O objetivo é comparar a bala encontrada no fígado da menina com as armas apreendidas com os policiais militares. Em depoimento, uma testemunha afirmou que viu os tiros serem disparados de dentro de uma viatura da Polícia Militar.

Além disso, imagens de uma câmera também passarão por análise da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que investiga o caso. Os investigadores querem saber um pouco mais sobre a movimentação do carro da PM na noite das mortes.

O que diz a polícia

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

A Polícia Militar afirma que uma equipe do 15º Batalhão (Duque de Caxias) estava fazendo um patrulhamento na Rua Lauro Sodré, na altura da comunidade do Sapinho, quando foram ouvidos disparos de arma de fogo.

Segundo a PM, os agentes não dispararam e a equipe saiu em deslocamento.

Ainda de acordo com os moradores, foram os vizinhos que levaram as vítimas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sarapuí.