Uma estudante de direito, moradora de Bauru (SP), chamou atenção por ter gabaritado a prova da segunda fase da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Tão impressionante quanto acertar todas as questões, é o fato de que Natália Bérgamo Pascucci, de 22 anos, ainda não concluiu o curso.

O exame, composto por duas fases, teve cerca de 151 mil inscritos na edição XXXIII de 2021. A estudante alcançou 72,5% de acertos na primeira fase objetiva (58 de 80 questões), e gabaritou a segunda dissertativa (100%). O resultado foi divulgado em janeiro deste ano.

“Quando conclui a segunda prova, eu tinha a impressão que havia ido bem e, apesar da sensação de aprovada, eu sabia que poderia vir uma reprova tanto quanto uma nota bem abaixo de 10,0. Eu queria um 10, mas eu realmente não esperava gabaritar a prova”, afirma.

Ao g1, a estudante explicou que não tinha intenção de estudar direito e pensava mais em administração, que começou a cursar em 2017. Entretanto, Natália relembra que ganhou uma bolsa de estudos integral para o curso na mesma universidade. Sem pensar duas vezes, a jovem agarrou a oportunidade de ir para o mundo da advocacia.

“Entrei no curso sem certeza se gostaria e com a ideia de eventualmente transferir para administração de novo. Contudo, logo nas primeiras aulas da faculdade, me identifiquei muito com o curso. Essa foi uma parte muito emocionante e marcante em minha vida, pois eu percebi que, apesar de ter ficado muito chateada com algumas negativas relacionadas ao curso anterior, Deus estava tomando conta de tudo e sabia o que era melhor para mim”, comemora.

 Com conclusão prevista para junho de 2022, Natália diz que cogitou entrar no curso após ter uma matéria de introdução ao direito, mesmo na graduação de administração, cujo desempenho superou as próprias expectativas.

“Fui muito bem naquela matéria, tive média 10 e gostei muito do conteúdo programático. Daí, descobri que a minha vocação estava relacionada ao curso de direito logo nas primeiras aulas. Foi uma surpresa, me senti tão grata por Deus ter tomado as rédeas e me colocado num curso que, de início, não era a minha primeira opção, mas se mostrou a decisão mais certa da minha vida ”, pontua.

Segundo a jovem, a faculdade sempre foi prioridade nas decisões relacionadas à vida. Além dos estudos teóricos, Natália salienta a importância do estágio, o qual fez desde o primeiro ano do curso.

Além dos estudos regulares e o foco nas provas, Natália também explica que raramente faltava às aulas. Segundo ela, as oportunidades que a universidade oferece como grade extracurricular, assim como os estágios alheios, foram essenciais para o bom desempenho na prova da OAB.

Resultado

Com o resultado da prova da OAB, divulgado em 26 de janeiro deste ano e publicado pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV), Natália lembra que ficou extasiada, não somente com a aprovação, mas também com a nota.

“Eu me sentia emocionalmente instável e incapaz de estudar em várias oportunidades por tais motivos, mas, felizmente, consegui a aprovação com nota máxima com a prova que mais me amedrontava no momento”, afirma.

Natália garante que, apesar as dificuldades de permanecer em Bauru pela saudade que sente da família, a trajetória valeu a pena. Segundo a jovem, na cidade encontrou oportunidades de trabalho, professores competentes e pessoas com quem sempre pôde contar.

“Eu senti e sinto uma gratidão enorme por cada professor dessa trajetória, pelos estágios que fiz e pelas referências na minha vida profissional. Cada pessoa que esteve comigo durante esses anos, amigos, familiares, colegas, eu não tenho palavras para descrever o quanto me ajudaram com esse resultado e o quanto acrescentam na minha vida profissional e pessoal”, diz.

A jovem atribui toda a conquista às pessoas que fizeram a graduação e a aprovação possíveis, em especial os pais e a avó. De acordo com a estudante, os ensinamentos serão guardados pelo resto da vida.

“Eu sei e não posso deixar de mencionar que por várias vezes abdicaram interesses e necessidades próprias para que a mim nada faltasse, possibilitando que eu me dedicasse mais aos estudos e nele permanecesse”, reforça.

Futuro

Para o futuro, a jovem explica que se “alimenta” de muitos sonhos. Para ela, o curso de direito visa concretizar a justiça, aplicar a legislação e, por vezes, questioná-la. Afinal, o intuito da estudante é buscar uma sociedade mais justa, com leis e políticas públicas eficazes.

“Como qualquer pessoa, tenho muitos sonhos. Por outro lado, talvez agora eu tenha a maturidade de entender que nem tudo que planejamos e já sonhamos vai efetivamente acontecer, pois a vida, muitas vezes, tem coisas ainda melhores para nos ofertar. Assim, sigo no caminho que Deus traçar para mim, sem luxo, sem cobrança e com o melhor que eu puder fazer para alcançar e preparada para o que vier”, finaliza.

G1