Gravação teria sido enviada para o namorado da jovem, em Bauru. Pornografia lidera o número de denúncias de crimes cibernéticos.
Uma publicação na internet transformou a vida de uma adolescente de 16 anos. Ela gravou um vídeo sensual onde aparecia sem roupa para o namorado. Alguns meses depois de romper o relacionamento, as imagens foram parar em um site de pornografia. A moradora de Bauru não esperava que o vídeo fosse parar nas redes sociais e afirma que confiava no namorado quando gravou. “Fiquei chocada, nem imaginava”, lembra a jovem. A família inteira da adolescente sofre as consequências. “É duro, é difícil, a gente fica bem chateado, bem baqueado. Nem tanto pelo que ela fez. Mas o que mais dói é a boca da população, o povo não tem freio na língua”, lamenta um parente da jovem, que preferiu não se identificar para proteger a adolescente.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. O delegado Marcelo Bertoli Gimines já ouviu o ex-namorado da vítima, que também tem 16 anos, e outros dois rapazes. Um deles adolescente e outro de 18 anos. “O namorado negou que teria disponibilizado esse vídeo. Já as outras duas pessoas, que distribuíram, que realmente colocaram links em páginas de conteúdo social na internet, confessaram que realmente fizeram isso e vão responder na forma da lei", explica.
Os documentos envolvendo os menores vão ser encaminhados à Vara da Infância e Juventude. Já o rapaz de 18 anos pode responder pelo crime de pedofilia. A pena varia de 3 a 6 anos de prisão.
Número de ocorrências
Dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos mostram que a pornografia lidera o número de denúncias no país, o que aumenta a necessidade do diálogo e da orientação nesta fase de muitas descobertas, principalmente sexuais.
Apesar da punição, a prática de exibir vídeos e fotos sem roupa na internet tem se tornado cada dia mais comum entre os adolescentes. A psicóloga Tonina Miraglia explica que esse tipo de comportamento é uma forma de suprir um vazio emocional, ou para chamar a atenção. Por isso, ela faz um alerta aos pais e professores, os responsáveis pela educação das crianças e adolescentes.
“Pensem sobre isso, o que estamos ensinando aos adolescentes? Eu sei que alguns de nós podem até pensar, mas eu não estou ensinando nada errado. Mas eu acho que nós estamos muito calados. Nós estamos delegando essa formação à outros e não sabemos muito bem o que está sendo ensinado", orienta. (G1)