Nesta semana foi aberto edital para formar, em Itápolis, uma Orquestra Filarmônica de Câmara

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Maestro Eud, idealizador do projeto Orquestra Filarmônica de Itápolis

por Karina Cardili- Itápolis é terra de grandes músicos. Aqui nasceu Zé Fortuna, que ficou famoso em todo país por suas composições. Também nasceram outros tantos grandes músicos como o maestro Raphael Mercaldi, Júlio da Silveira Sudário, José Toledo de Mendonça, entre tantos outros, famosos ou anônimos que estão por aí.

O município, de onde também surgiram grandes orquestras e Big Bands no passado, volta a resgatar suas raízes e deverá ter formada, nos próximos dias, uma Orquestra Filarmônica de Câmara. As inscrições estão abertas e seguem até o dia 10 de julho. Abaixo, o maestro e professor Eud dando uma 'palhinha' em seu violino para os leitores do Revistanet.

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 A iniciativa é do maestro Eud Rubens, que conta que, há anos, tenta tirar o projeto do papel. 

“Itápolis tem grandes referências de músicos de renome em seu passado. Aqui tivemos orquestras maravilhosas, muitos corais, muitas big bands - pra você ter uma idéia, em Nova America tinha 2 big bands, assim como na Vila Alice. Tinha Big Band no bairro do Quadro e tantos outros município afora. Então temos uma cultura municipal muito forte. Itápolis também tem grandes referências de músicos do passado e muita ‘meninada’ boa que está surgindo agora. Nós temos todo ano uma média de 200 alunos formados na Escola de Música Municipal. Também temos cerca de 100 alunos que se formam no Projeto Guri. Infelizmente estes meninos ficam parados, não têm onde tocar. Então a ideia de montar a Orquestra é em primeiro lugar dar rumo para estes alunos”; explica o maestro Eud.

“Outro segmento desse projeto é voltar a divulgar o nome de Itápolis no meio musical, através da participação em festivais de orquestras em cidades como Ourinhos, Londrina, Curitiba, entre tantas outras. Além disso, nossos músicos podem ser vistos nestes festivais e acabarem sendo convidados a ingressar em uma grande orquestra”; conta o maestro.

Eud, que começou a tocar aos 15 anos, cursou a faculdade de música Villa Lobos, tocou durante anos na orquestra sinfônica de Araraquara e hoje é professor de violino na Escola Municipal de Música de Itápolis, diz que a cultura do município precisa dar uma guinada. “Espero que atrás deste projeto venham muitos outros. Temos aqui ótimos professores de teatro, de música, de dança. Não adianta ficar esperando o poder público tomar iniciativa. Todos podemos arregaçar as mangas e fazer algo. A cultura é a forma mais barata de tirar uma criança da rua”.

Questionado sobre onde a cultura se perdeu, o maestro diz acreditar que ela acabou sendo deixada de lado pelos governantes, até o ponto de ser praticamente ‘esquecida’.

“Infelizmente a música é vista hoje como uma ‘coisa’ de terceiro, quarto grau. Antigamente tínhamos aula de música nas escolas, o que ainda acontece em diversos países desenvolvidos. Foi comprovado em diversos estudos que a música na escola melhora muito o desempenho da criança, o raciocínio lógico, a auto-estima. Hoje chegamos a tal ponto que muitas pessoas não sabem cantar o hino nacional, sequer o hino de Itápolis. O Brasil é um país muito rico em termos musicais. Temos o baião, o samba, a bossa nova e tantos outros estilos, que são só nossos. Precisamos resgatar isso dentro da cultura do dia-a-dia. Esse projeto (da Orquestra de Itápolis) é um tipo de resgate. E é um desafio muito grande não só trazer músicos para tocar, mas ter público que saiba apreciar. Em uma entrevista sobre música, o dramaturgo Ariano Suassuna fez uma excelente explanação sobre a cultura musical. Ele disse: “O povo gosta disso (referindo-se a músicas sem conteúdo que hoje são amplamente difundidas no Brasil. Se você oferecer a um cachorro um filé mignon e um osso, obviamente ele vai querer o filé. Mas vocês (governantes, mídia) estão dando apenas o osso para o povo’. Ou seja, é preciso oferecer música de qualidade para que as pessoas gostem dela”.

Eud explica ainda que após a criação da Orquestra Filarmônica de Itápolis, tentará ingressar o município no projeto do maestro João Carlos Martins, através do qual, Martins manda para as cidades professores para dar workshop de música. “Esses professores vêm com uma visão de olhar esta criançada que tá tocando e assim cria-se um canal entre o pessoal daqui e o de fora. Se eles acharam que o músico tem futuro, podem até ingressá-lo em uma orquestra maior”; explica Eud.

“Ourinhos começou com um projeto semelhante ao nosso e hoje é organizadora de um grande festival de música que acontece todo mês de julho e reúne em torno de 2 a 3 mil músicos vindos de todo o país. Quem sabe um dia também conseguirá chegar a este patamar?”.

O projeto conta com o apoio da prefeitura municipal, que irá ceder o local para os ensaios.

INSCRIÇÕES

Os músicos que tiverem interessados em participar da Orquestra podem fazer suas inscrições até o dia 10 de julho na Escola Municipal de Ensino Artístico de Itápolis ou poderá solicitar Fichas de Inscrições pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

As vagas serão para os instrumentos baixo relacionados:
06 Primeiros Violinistas,
06 Segundos Violinistas,
04 Violistas,
04 Violoncelistas,
01 Contrabaixista, (Acústico Vertical)
02 Flautistas transversais,
02 Clarinetistas,
02 Trompetistas,
01 Pianista e
02 percussionistas.

Os requisitos para a inscrição são:
• Possuir o instrumento próprio.
• Ter bom conhecimento musical e do instrumento a ser executado.
• Disponibilidade para ensaios as Quartas Feiras no período noturno.
• Compromisso com o projeto e espirito de grupo.