Do G1 - A TV TEM teve acesso ao áudio que faz parte da denúncia de que uma funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de Itápolis (SP) estaria indicando e agendando para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) exames de ressonância magnética em uma clínica particular de Ibitinga (SP).
No áudio gravado por um morador, a funcionária, além de indicar a clínica particular, oferece também um desconto no valor cobrado (ouça acima):
Morador: a menina falou, lá do posto lá, que tá demorando quatro anos pra fazer esse exame. Tem gente na fila quatro anos pra fazer uma ressonância, é isso?
Funcionária: desde 2016. Eu tô agendando, esse ano, comecei a agendar o pessoal de 2016. Então, dá uma média aí, de quase cinco anos.
Morador: e o que que faz, morre?
Funcionária: olha, eu acho que por causa de uma ressonância de coluna lombar eu não acredito que seja o caso, né?
Morador: será?
Funcionária: mas, assim, se não tem condições de fazer com o desconto, não tem condições de esperar a fila SUS, a única condição que sobra é a assistência social.
Morador: mas... o lance com o desconto quanto que é?
Funcionária: R$ 530 à vista e R$560 no cartão. Esse é o valor com desconto.
Morador: tá bom! Vamos ver. Vamos fazer!
O morador, que procurou a secretária de Saúde, Regina Celia Fanti Garcia Prospero, também gravou a conversa para questionar a situação. A secretária negou que exista qualquer tipo de cobrança e orientou o morador a procurar o Ministério Público.
A prefeitura informou que abriu uma sindicância para apurar a denúncia. Em nota, a administração municipal informou que "tomará as medidas cabíveis para apurar os fatos narrados no áudio".
Segundo a prefeitura, atualmente Itápolis tem mais de mil solicitações desse tipo de exame e a fila de espera equivale a cerca de cinco anos de atendimentos.
Com relação à demanda acumulada, a nota diz que o governo municipal “está realizando um trabalho objetivando levantar recursos para diminuir a demanda reprimida”, além de fazer um levantamento dos pedidos com indicação de urgência ou emergência para serem priorizados.
Em nota, a clínica de Ibitinga informou que " clínica não possui qualquer vínculo jurídico, negocial e nenhum contrato ou convênio firmado com o município de Itápolis.” A nota ressalta ainda que a clínica não oferece qualquer atendimento aos pacientes de Itápolis através do SUS.
O texto destaca ainda que por ser “ a empresa é procurada para realizar o exame a preços mais acessíveis às pessoas carentes de cidades próximas que não querem aguardar na fila de espera a grande demora na realização de exame pelo SUS e optam por fazer o exame particular, concedendo desconto aos pacientes mais carentes para viabilizar a eles o acesso aos exames de alto custo."