A família de Lorena contratou um advogado e tentam judicialmente garantir o ingresso da jovem na universidade
Por José Commandini Neto/colaboração- A estudante borboremense Lorena Stein Martins Lopes, aluna do Anglo de Itápolis nunca teve problemas com notas. No ano passado, quando ainda cursava o 1º ano do ensino médio, a adolescente resolveu prestar vestibular para o curso de Enfermagem, sendo aprovada. Neste ano de 2018, foi aprovada para o curso de Medicina Veterinária e recentemente, com apenas um ano e meio de colegial, foi aprovada para o curso de Medicina na Fundação Educacional de Penápolis (FUNEPE). Como ainda não concluiu o ensino médio, ela não conseguiu fazer a matrícula e a família teve que entrar na Justiça para conseguir o direito de Lorena, de 15 anos, estudar na universidade.
Dos 369 concorrentes para as 66 vagas, Lorena foi aprovada em 53º lugar. As matrículas poderiam ser feitas até terça-feira, 07/08, mas como o caso foi parar na Justiça, a vaga da estudante ficará “reservada” até que haja uma decisão do recurso.
A mãe do adolescente, Glaucia Stein Martins de Moraes, conta que nunca precisou se preocupar com as notas da filha e que sempre que chegava da escola passava a tarde estudando. Segunda a mãe, a decisão de matricular a filha é porque a estudante tem condições de cursar a faculdade como qualquer outro aluno.
A senhora Gláucia contou a nossa reportagem que a inscrição de Lorena no vestibular foi feita no último dia, e que o curso foi encontrado na internet. “Eu estava à procura de cursos para medicina pra ela tentar e adquirir experiência em vestibulares, mas não imaginávamos que ela fosse ser aprovada. Surpreendeu a todos”. A estudante decidiu tentar a matrícula para o curso de medicina na FUNEPE, mas como precisava ter o certificado de conclusão do ensino médio, não pôde se matricular no curso. Para conseguir, a família entrou na Justiça.
O caso é inédito para o Anglo e para a Fundação Educacional de Penápolis, em ambas as instituições educacionais, com décadas de ensino isso nunca ocorreu.
A família de Lorena contratou um advogado e tentam judicialmente garantir o ingresso da jovem na universidade. Há duas possibilidades que a família cogita, a primeira e que a aluna tenha permissão para cursar a faculdade ao mesmo tempo em que termina 3º colegial e a segunda, é a tentativa de garantir a vaga da estudante para o próximo ano, após o término do ensino médio.
O juiz de Penápolis, Drº Marcelo Yukio Misaka, negou o pedido de liminar, protocolado na terça-feira, 07/08 e a família pretende entrar com recurso. O advogado que atua no caso é o Drº Ribamar de Souza Batista.
A aluna e os familiares estão confiantes sobre a decisão do recurso e da capacidade de Lorena em iniciar a graduação em medicina. "Se eu consegui ser aprovada, também sou capaz de cursar, eu me sinto pronta e preparada. Este é meu objetivo e vou alcançar", disse a jovem.
De acordo com a Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB), para frequentar a graduação, é necessária o estudante ter concluído o ensino médio ou supletivo. Lorena também passou por um teste de QI.
A adolescente não é a única no Brasil a conseguir aprovação para cursos superiores concorridos, sem ter concluído o ensino médio. Em 2014 iniciava a trajetória acadêmica de Mateus de Lima Costa Ribeiro, quando o estudante foi aprovado no vestibular da Universidade de Brasília (UnB), com apenas 14 anos. Pela lei, ele não poderia se matricular na universidade, porque ainda cursava a 8ª série (atual 9º ano) do ensino fundamental. Uma decisão liminar permitiu que ele entrasse na faculdade, desde que passasse em uma prova com o conteúdo do ensino médio.
Na sexta-feira, 27/07, a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal entregou a carteira profissional ao advogado mais jovem do país. Aos 18 anos, Mateus se formou na UnB e, há poucos meses, foi aprovado "de primeira" no Exame da Ordem.
Já em 2015 o sergipano José Victor Menezes Teles, de apenas 14 anos, conseguiu na justiça o direito de ingressar no curso de medicina na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Ainda em Sergipe a estudante do 2º ano do ensino médio Mylena Santos Dantas, de 15 anos, foi aprovada em medicina na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Sua história teria ganhado mais repercussão se não fosse um colega de turma, ainda mais novo que ela, o menino José Victor Menezes Teles. Como não terminou o ensino médio, Mylena teve que passar por uma certificação diferenciada, em geral, a prova utilizada é o próprio Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que lhe garantiu nota na Federal de Sergipe. Uma banca de professores do Colégio de Aplicação da UFS, escola em que estuda, deu o aval para emissão do certificado de conclusão do ensino médio, com uma nota 9,5.
Também em 2015, o jovem Victor Raniery Silva de Holanda, com apenas 15 anos foi aprovado em Mecânica-Aeronáutica, no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA). Victor é do Rio Grande do Norte (RN) e para concluir o ensino médio e ser aprovado com apenas 15 anos em um dos vestibulares mais concorridos do Brasil, teve uma pequena ajuda da Justiça. O estudante conseguiu o direito de pular o 9º ano do ensino fundamental, após ser aprovado na prova do Instituto Federal do Rio Grande do Norte.
Nossa redação seguirá acompanhando o caso.