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José Commandini Neto/colaboração- Neste mês vocacional, o calendário litúrgico da Igreja do Brasil nos convida a celebrar, este ano a 19 de agosto, a Assunção de Maria. Mas outro importante acontecimento mariano marca a vida da igreja em nosso país nessa mesma data: a comemoração dos 40 anos da restauração da imagem original de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.

No dia 16 de maio de 1978, na Basílica velha de Aparecida, um jovem, com problemas mentais, tentou furtar a imagem original da Virgem, prodigiosamente encontrada no Rio Paraíba em 1717. Após quebrar o vidro protetor do local onde se encontrava a imagem, o rapaz tomou-a, mas, na fuga a derrubou. A imagem de terracota caiu e quebrou-se em cerca de 200 pedaços. A cabeça praticamente se desfez. O Brasil soube entristecido, deste ato ímpio.

Após o ataque, orientados pelo próprio Vaticano, os missionários redentoristas responsáveis pelo Santuário de Aparecida enviaram a imagem ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) para ser restaurada. A competente restauradora Maria Helena Chartuni foi à responsável pelo trabalho meticuloso e complexo. Ela mesma testemunhou que, enquanto reparava a imagem, tinha sua vida restaurada por Nossa Senhora. Em apenas 33 dias, a artista conseguiu o que parecia impossível: devolveu “milagrosamente”, o aspecto original à imagem, que foi trazida em carro aberto dos bombeiros, do MASP de volta a cidade de Aparecida. Durante o trajeto, um cordão interminável de devotos pelas ruas e rodovias saudou a Padroeira do Brasil com emoção e amor filial.

Para marcar e fazer memória dos exatos 40 anos dessa restauração “prodigiosa”, o Santuário de Borborema com o apoio da Paróquia São Sebastião de Borborema e o incentivo do padre Walterlei Anderson de Sá, programou uma exposição que se iniciará neste domingo, 19/08.

Neste dia, será rezado o terço às 7h e às 7h30min., terá inicio a celebração da Missa Solene da Assunção de Nossa Senhora e em Ação de pelos 40 anos do Restauro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, em seguida será aberta a exposição “CUBRA-ME COM SEU MANTO DE AMOR E RESTAURA A MINHA VIDA”.

Até o dia 02/10 estarão expostos os mantos da Rainha e Padroeira do Brasil, sendo que muitos foram ofertados por devotos que tiveram algo em sua vida restaurado, através de uma graça alcançada pela intercessão da pequena imagem de Aparecida. Outros representam um pouco da história da devoção da Mãe Aparecida ou nosso país e município.

É a primeira vez que todos os mantos serão expostos juntos, e esta exibição esta sendo patrocinada pela Prefeitura Municipal, Requinte Móveis e Lucimara Decorações.

O encontro da imagem da pequena imagem da Virgem da Conceição, pelos três pescadores, tornou-os “tutores” da imagenzinha “aparecida” das águas e quebrada, os pescadores fixam, a seu modo, a cabeça ao corpo. É o primeiro de muitos restauros e intervenções por que a imagem passou ao longo dos séculos. Após o atentado de 1978, a mesma imagem passou pelo seu maior processo de restauração, realizada por Maria Helena Chartuni. A restauradora retorna anualmente ao Santuário Nacional para realizar uma manutenção da veneranda imagem da Senhora Aparecida.

Restaurar implica em devolver as características iniciais, isto é, trazer de volta a originalidade da obra, que estava danificada por alguma razão. Tal como o talentoso Frei Agostinho, há mais de três séculos, modelou a imagenzinha barroca da Senhora da Conceição, Deus, nosso Pai e Oleiro, modelou-nos, do barro, à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26-27). Da mesma forma que as mãos habilidosas de Maria Helena restauraram a imagem de Aparecida, Cristo é o grande Artista que, quando feridos pelo pecado, pela dor e pelo sofrimento, restaura-nos a dignidade de filhos e filhas amados e feitos à semelhança de nosso Criador (cf. II Cor 5,17).

Pelo Batismo, somos resgatados por Jesus Cristo, que, na Penitência, regenera-nos, restaura-nos, devolve-nos a originalidade de filhos adotivos do Altíssimo chamados à santidade. Quando enfermos e tomados pelas fragilidades próprias da vida humana, restitui-nos a saúde, o vigor do corpo, dá-nos o alívio e o conforto para a alma por meio da Unção dos Enfermos. Eis aí a restauração que Jesus opera em todo ser humano que se une a Ele e segue por seus caminhos.

Com efeito, podemos, mais uma vez, estabelecer uma relação desses ofícios artísticos com a missão salvífica exercida por Jesus Cristo, Filho de Deus e Senhor nosso: além de “Restaurador”, Cristo também é o grande “Conservador” de nossa vida para que nada de mal aconteça conosco. O encontro pessoal com o Senhor tem um caráter transformador e nos aproxima de sua Verdade. Cristo possibilita a “conservação” de nossas vidas na medida em que nos abrimos à sua Palavra, unimo-nos a Ele pela oração, reconhecemo-lo em nossos Pastores e nos irmãos e irmãs mais sofredores e participamos ativamente da vida eclesial, principalmente da Eucaristia, Pão da Unidade e mistério ímpar da nossa fé.

São 40 anos da restauração da imagenzinha bendita da Rainha e Padroeira do povo brasileiro. E o numeral 40, biblicamente, carrega importante significação para nossa vida eclesial. Recorda-nos o dilúvio; Moisés no Monte Sinai; a caminhada do povo de Deus à Terra Prometida; Jesus no deserto, entre outros fatos citados nas Escrituras.

É imprescindível, nesse sentido, percebermos que, em todos esses episódios, passado o período de 40 dias ou anos, vida nova se fez, algo importante aconteceu ou se transformou. É a ação da graça divina sempre surpreendente na vida do seu povo!

Dessa forma, passados os 40 anos do restauro da imagem de Aparecida, a Mãe de Deus nos convida a trazermos ao Brasil, do qual é Rainha e Padroeira, um novo tempo, de renovação e esperança. Restaurados por Cristo, com Cristo e em Cristo, cabe-nos, como leigos e leigas engajados socialmente e conscientes de nossa missão, sermos sujeitos transformadores da História de nosso país.

Assim cantava Padre Zezinho à Mãe de Jesus no Hino do Jubileu dos 300 anos de Aparecida: “Pequenina, restaurada, a tua imagem nos ensinou a ser um povo que não sabe esmorecer...”. Ora, a imagem frágil de Aparecida estimula-nos e educa-nos na luta diária pelo surgimento de uma sociedade que busca o bem comum e a justiça. Tal como a imagem de Maria, somos de “barro”, frágeis, pequenos, sujeitos à queda diante dos “atentados” que a corrupção e as injustiças promovem; no entanto, também como a imagem de nossa Mãe, somos passíveis de “restauração”, tornando um só corpo esta nação fragmentada, desde que devidamente fundamentada nos princípios do Evangelho e comprometida com a vida do povo.

Para finalizar informamos que as escolas, movimentos, pastorais, turmas de catequese e de crisma que desejarem participar de uma visita orientada, podem agendar o dia e o horário pelo telefone (16) 9 9181-5647 (Vivo).

Visite a exposição e deixe Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, a restaurar a sua vida.