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Do Jornal de Itápolis- No mês de junho comemoramos o Dia da Imigração japonesa. A data tem como marco a chegada do navio Kasato Maru, em Santos, no dia 18 de junho de 1908, quando os imigrantes japoneses obtiveram muitas conquistas e vitórias, superando inúmeras dificuldades.  As famílias se se espalharam por diversos locais do país e muitas delas vieram para Itápolis, ajudando a construir o município, como a de Kyoko Yamamoto Taguchi, mais conhecida como dona ‘Celina’, 86.

 

 Filha do casal Yukiko Yamamoto e Munetoshi Yamamoto, ela nasceu em Tokyo vindo para o Brasil em 1933.

 “Meu pai Munetoshi queria conhecer os grandes rios do Brasil e pescar peixes grandes. Ele tinha loja de materiais de construção mas tinha espírito aventureiro. Deixou o filho mais velho no Japão, pensando em retornar após alguns anos. O que não aconteceu. Quando chegamos ao Brasil, fomos para uma fazenda em Barrinha chamada “Mataruna” para trabalhar no cafezal, ficando aí menos de 1 ano. Aí fomos para uma fazenda que meu pai arrendou próximo a Brodóski para trabalhar com arrozais. Em 1937 viemos para Nova América trabalhar em plantação de algodão, milho e outras culturas. Em 1942 viemos para Itápolis onde resido até hoje. Fui costureira a vida toda. Em 1964 me casei com Shozô Taguchi, conhecido como ‘Jorge’ e tive 3 filhos”; conta dona Celina.

 “A mais velha, Akemi Taguchi Possari se formou em Farmácia , se casou, tem 2 filhos e mora em Itápolis. A segunda, Érika Taguchi, se formou em Publicidade e Propaganda e Marketing, morou muitos anos fora, voltou e tinha uma floricultura Terra Flor. Atualmente mora em Itápolis e é Terapeuta Holística. O caçula chama-se Tadashi Taguchi, engenheiro de Produção, casado , mora em Londrina. A Érika e o Tadashi moraram no Japão. Eu nunca mais retornei ao meu país natal”. Érika estava no Japão durante o terremoto de Kobe. Em sua visita ao país, visitou o memorial da bomba atômica em Hiroshima.

 Dona Celina conta que mantém hábitos da cultura japonesa. “Em casa sempre utilizamos temperos e utensílios japoneses na cozinha. Hoje em dia ficou mais fácil e barato adquirir produtos japoneses. Antigamente os parentes do Japão nos mandavam de lá... “

 Itápolis possui uma praça japonesa com um torii, construida em homenagem aos imigrantes. Há dados detalhados no livro da História de Itápolis escrito por Nancy Hauers.

 “Assim como os imigrantes japoneses, como meu pai, que vieram ao Brasil trabalhar e juntar dinheiro pensando em retornar ao Japão depois, a geração seguinte foi ao Japão com a mesma intenção... A palavra dekasegi, seus ideogramas significam isto: sair para trabalhar e juntar dinheiro. Para esses brasileiros que foram trabalhar no Japão foi muito importante; para conhecer suas raízes, a cultura de seus antepassados.

 Questionada sobre o que os japoneses tem para ensinar aos brasileiros, dona Celina nã o hesita em responder: “Acho que uma lição dos

japoneses para os brasileiros é o Amor à Pátria”.