Do G1- Quanto de sorvete você consegue tomar rapidamente sem que seu cérebro "congele"? Em Itápolis (SP), a "Capital Nacional do Sorvete", um homem venceu uma competição ao comer mais de 1,5 quilo da sobremesa em apenas cinco minutos.



O desafio ocorreu durante a 3ª Festa do Sorvete, realizada no sábado (23), data que marcou o "Dia Nacional do Sorvete".

O dono da façanha foi Alam Oliveira Ribeiro, que consumiu 1,593 quilo - aproximadamente 2,55 litros - de sorvete de massa de creme. Além de ter tomado gratuitamente a sobremesa, ele faturou o prêmio de R$ 400 dado ao vencedor.

    "Não foi fácil não, nunca tomei tanto sorvete assim na minha vida, mas valeu a pena. Saí ainda com um dinheiro no bolso", conta.

A marca de 1,593 quilo significou um recorde na competição. A celebração à sobremesa de origem milenar é anualmente realizada em Itápolis todo dia 23 de setembro e a disputa sempre atrai os amantes do sorvete.

No último ano, Fabrício Everton "devorou" 1,248 quilo de sorvete em cinco minutos e venceu o desafio. Já em 2021, a vencedora foi Patrícia Rodrigues Bueno de Oliveira que tomou 1,314 quilo dos 1,5 quilo propostos para cinco minutos de prova.

Para participar da competição, os únicos pré-requisitos eram gostar muito de sorvete e estar disposto a encarar "o cérebro congelado".

O vencedor Alam, morador de Paraguaçu Paulista (SP), foi um dos 20 primeiros a chegar na praça “Jornalista Roberto Del Guércio” e se inscrever na prova.

Apesar do excesso, o vencedor garante que não perdeu o prazer pela sobremesa e pretende defender a vitória no próximo ano.

    "É verdade que eu não quero tomar sorvete agora, mas vou voltar mais vezes. No próximo ano, eu vou tá aqui de novo", promete.

Comer antes de derreter

Qualquer pessoa que tenha tomado rapidamente um sorvete, milk-shake ou mastigado uma casquinha conhece a dor aguda e breve do "congelamento cerebral".

Mas o congelamento cerebral é apenas um apelido. Para se ter uma ideia, isso é tão comum que tem até nome científico: ganglioneuralgia esfenopalatina. O responsável por essa sensação desagradável é o gânglio esfenopalatino, um conjunto de nervos localizado no palato — ou céu da boca.

A causa exata da sensação de congelamento do cérebro ainda é desconhecida. Mas, acredita-se que ele possa ser causado quando os vasos sanguíneos do céu da boca se contraem muito rápido por causa da súbita queda de temperatura, antes de dilatar novamente. Isso explicaria porque a sensação passa tão depressa.

"Capital do Sorvete"

Itápolis, cidade com 42 mil habitantes, recebe esse título porque 80% da população tem origem de famílias que vieram da região de Vêneto, na Itália. Nesse local, há muitos sorveteiros e fabricantes de máquinas e insumos para a produção de sorvete.

No passado, as famílias vieram para Itápolis e, por causa da cultura da região italiana, também começaram a comercializar sorvete. Além de fabricar, os empresários do ramo também vendem os produtos para outros municípios.

De acordo com a prefeitura, esses estabelecimentos geram 200 empregos diretos e 100 indiretos. O faturamento do setor é de R$ 1 milhão por mês na cidade.

A cidade já teve mais de 20 sorveterias que produziam os próprios sorvetes, tendo inclusive a Rota do Sorvete, escolhida pela própria população do município, que elegeu o melhor sabor fabricado por cada sorveteria.

O destaque não é apenas pelo número de fabricantes ou sorveterias, mas também pela produção de sorvetes artesanais e com sabores únicos. Tem gorgonzola com doce de leite, tomate com manjericão servido como porção, entre outros tantos.


Sorvete no Brasil e no mundo

A Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS) estima que existam mais de 10 mil empresas ligadas ao setor de sorvetes e gelatos no Brasil, sendo 92% delas micro e pequenas empresas. No país, o setor gera mais de 100 mil empregos diretos e 200 mil indiretos, além de ter um faturamento anual acima de R$ 13 bilhões.

Ainda segundo a ABIS, o Brasil é um dos 10 maiores países consumidores de sorvetes e picolés do mundo, com um consumo em média per capita de 6 litros de sorvete por ano. A região sudeste é a que mais consome o produto, com 52% do total registrado no país.

Nos Estados Unidos, o consumo anual está em 10 litros per capita. Na Nova Zelândia, um dos principais centros de consumo de sorvetes, são em média 26 litros de sorvete por habitante/ano.