por José Commandini Neto/colaboração- Na terça-feira, 02, foi encerrada a Exposição: “CUBRA-ME COM SEU MANTO DE AMOR E RESTAURA A MINHA VIDA”, que expondo os mantos de Nossa Senhora Aparecida, comemorou os 40 anos da restauração da imagem original de Nossa Senhora Aparecida.
A ideia desta exposição foi proposta pelo Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Borborema, ao pároco Walterlei Anderson de Sá, que apoio a iniciativa. Ao todo foram 10 mantos expostos, onde em cada um havia informações sobre a confecção, ano, nome do doador, significado e quais festas foram utilizados. Muitos desses mantos foram ofertados por devotos que através da intercessão de Nossa Senhora Aparecida, tiveram algo restaurado em sua vida através de uma graça.
A mostra foi aberta oficialmente no domingo da Assunção de Nossa Senhora, em 19/08, data exata dos 40 anos da restauração, sendo uma maneira de estarmos unidos com o Santuário nacional nesta comemoração dos 40 anos.
Além da comunidade a exposição foi visitada pelo Brasa, Sociedade São Vicente de Paulo, turmas de Catequese do Santuário, Sociedade São Vicente de Paulo, Perseverança, Apostolado da Oração - Núcleo Santuário e pelo grupo do terço dos Homens do Santuário.
Durante a visita orientada os participantes ouviam que há 40 anos o restauro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida representou para o Brasil um sinal importante de restauração, também da fé e da força do povo brasileiro, já que o que parecia impossível foi feito em apenas 33 dias pela restauradora Maria Helena Chartuni.
Segundo a própria Maria Helena, a restauração não seria possível sem a ação de Deus. “Durante o trabalho, eu senti que tinha um apoio espiritual. Depois desse restauro, comecei a perceber que eu tinha tocado em algo sagrado”.
Segundo o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, a escolha pelos 40 anos se deve ao significado que este número tem dentro da espiritualidade cristã. “O número 40 tem um simbolismo de caminhar para a libertação”, diz.
Padre João Batista afirma que “celebrar os 40 anos é convidar o povo brasileiro a um momento de oração e restauração da expectativa por dias melhores”.
O número quarenta aparece no Antigo Testamento e Novo Testamento, de diferentes formas e maneiras: 40 dias e 40 noites do dilúvio (Gn 7,4.12); 40 dias e 40 noites Moisés passa no Monte (Ex 24,18; 34,28; Dt 9,9-11; 10,10); 40 anos foi o tempo da peregrinação pelo deserto (Nm 14,33; 32,13; Dt 8,2; 29,4, etc.); 40 dias que Jesus jejuou antes de começar seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2); 40 dias depois da Ressurreição acontece a ascensão de Jesus (At 1,3).
Ao longo da história da Padroeira do Brasil a pequenina Imagem sempre foi alvo de muitos estudos e pesquisas. Entre esses registros um é bastante peculiar: os mantos que cobriram a Imagem ao longo dos últimos trezentos anos.
Algumas referências encontradas sobre os adereços colocados na Imagem apontam como os mais comuns, o manto e a coroa. O inventário dos bens e alfaias sagradas do Santuário Nacional, com data de 5 de janeiro de 1750, cita um desses mantos utilizados pela Imagem de Aparecida: “Um manto de carmesim (vermelho) com ramos de ouro aplicados no mesmo, doado por Francisco Soares Bernardes da cidade de Mariana (MG)”. Segundo o autor, os objetos eram colocados para disfarçar a quebra da Imagem.
Dos mantos utilizados na Imagem da Padroeira do Brasil ao longo de sua história, existem algumas informações e poucos foram armazenados. Dos encontrados, os dois são relacionados à cerimônia de Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1904.
O primeiro está em exposição no Museu do Santuário, foi doado pela Princesa Isabel em dezembro de 1868, como agradecimento por ter conseguido dar ao trono brasileiro um herdeiro. O segundo manto devido ao seu estado de deterioração está armazenado na Reserva Técnica do Santuário. O manto que na época era de cor azul anil hoje pouco guarda dessa tonalidade. O manto ofertado pela princesa está em exposição no Museu e ainda guarda tonalidades vivas e ornamentos bastante preservados.
O primeiro retrato que se tem notícia da Imagem original foi feito pelos fotógrafos franceses Luiz Robin e Valentim Fraveau, em 1869. Nesta aparece um manto utilizado pela Imagem naquela época.
Peritos constataram que a Imagem primitiva tinha um manto de cor azul escuro e o forro vermelho granada. Estas eram as cores oficiais, conforme determinação de Dom João IV, de 25 de março de 1646, quando tornou a Santa Virgem, sob a invocação da Imaculada Conceição, Padroeira do Reino de Portugal e seus domínios, que incluía o Brasil. Ao longo dos anos, foi adicionado um sobremanto em forma triangular e uma coroa, o que permanece até os tempos atuais.
Foi com uma coroa também ofertada pela Princesa Isabel, que se realizou a Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1904. Dessa coroa, uma réplica está em exposição no Museu, junto com o manto ofertado pela Princesa, utilizado na mesma celebração.
Nos mantos de Nossa Senhora Aparecida é comum estarem destacadas as bandeiras do Brasil e do Vaticano, identificando assim a unidade da Igreja com o Papa.
Ao longo dos últimos quase três séculos o manto da Padroeira do Brasil sempre quis representar a realeza de Maria, enquanto Mãe do Redentor da Humanidade. Ao longo da história, muitos foram os mantos que cobriram a Imagem da Padroeira, mas um em especial remete ao seu achado em 1717: as mãos de Filipe Pedroso. Ele foi um dos pescadores presentes no milagre nas águas do rio Paraíba. Ele mesmo com suas mãos uniu a cabeça ao corpo a pequenina Imagem com cera de abelha e assim foi o primeiro a venerar a Rainha e Padroeira do Brasil.
Desde 2010 as Irmãs Carmelitas bordam os mantos que são colocados na Imagem que fica no Altar Central durante a Novena e Solenidade da Padroeira em Aparecida. Durante a peregrinação dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida pelos estados do Brasil e o Distrito Federal, a imagem de Aparecida era apresentada aos devotos, com um manto especialmente confeccionado para cada uma das visitas, onde além das bandeiras do Brasil e do Vaticano, foram incluídas as bandeiras estaduais.
Em Aparecida todo dia 12 é realizada a Cerimônia do Manto de Nossa Senhora, onde são abençoados mantos que são enviados para os devotos que contribuem para as obras do Santuário Nacional. Borborema é a única paróquia da Diocese que também realiza essa cerimônia, mas ao contrário de Aparecida, ela é realizada apenas quando o Santuário de Borborema recebe um novo manto doado para a Padroeira.
Esse manto então é abençoado seguindo o mesmo rito de Aparecida, e revestido na imagem do altar principal. A única diferença que esta cerimônia é realizada durante a celebração da Santa Missa, pois com Maria estamos unidos na mesa da Eucaristia.
A cerimônia de benção e troca do manto foi realizada pela primeira vez pelo padre Valmir Davi de Oliveira, em 03 outubro de 2013. A segunda vez que se realizou esta cerimônia, foi em 07 de junho de 2015, pelo padre Pedro de Celso Gardini. Neste dia foram abençoados dois novos mantos.
O Santuário de Nossa Senhora Aparecida agradece a todos que visitaram a exposição, a Prefeitura Municipal, Moldubox, Lucimara Decorações e Requinte Móveis, que colaboraram para sua realização, e em especial a Paróquia São Sebastião de Borborema pelo incentivo e apoio.