sole

Fotos e Reportagem: João Reis (Redação RN) - Faltando pouco para as eleições, em alguns bairros da cidade de Itápolis, pessoas como Luci, moradora do Jardim do Sol, (foto acima) ainda não sabem direito quem são os candidatos. Nestas eleições o eleitor itapolitano tem um grande desafio: comparecer as urnas. Na última eleição federal, ocorrida em 2014, 26.09% dos eleitores do município, ou seja mais de um quarto,não compareceram para votar no 1º turno. Em números absolutos foram 8.156 pessoas que não votaram. Já na última eleição para prefeito em 2012, brancos e nulos somaram 9.75% o que representou 2383 eleitores. 

sol2

Na foto acima populares do Jardim do Sol de Itápolis que também disseram não saber quais eram os quatro candidatos

Com apenas dois candidatos a Prefeito em 2012, a eleição foi decidida no primeiro turno. Mazzinho foi reeleito com 12.274 votos (39,64% dos votos Válidos) e Professor Antônio ficou com 9.770 votos (31,55% dos votos válidos).

bandeira

Campanha Pobre: Os Candidatos agitam bandeiras mas não animam eleitores. Na foto acima cabos eleitorais durante campanha no centro neste último final de semana.

Na eleição que irá acontecer neste dia 01 de Março após a cassação de Mazzinho (acusado de propaganda em jornal em período vedado) quatro candidatos estarão concorrendo em um cenário de muita indefinação e inédito na história política do município: Todos os candidatos a Prefeito, Moacir Zitelli, Antonio Cruz, Guto Biella e Zequinha Kawachi estão com pedido de impugnação que terá a decisão final da justica no dia 24-02-2015 a apenas seis dias das novas eleições.

Diante deste cenário nenhuma proposta ou plano de governo animador foi apresentado pelos candidatos aos seus eleitores. As campanhas estão resumidas a divulgação de panfletos e circulação de cabos eleitorais com bandeiras dos candidatos e seu nome e número. O candidato Guto Biella (PV) não pode fazer campanha pois ocupa o cargo de prefeito após a saída de Mazzinho. Já Moacir Zitelli não pode fazer campanha porque também tem um pedido de impugnação. Apenas dois candidatos Zequinha e Professor Antônio estão dando andamento nas suas campanhas e priorizando o corpo a corpo. 

Neste clima de indefinições os partidos e candidatos estão realizando uma campanha pobre em conteúdo e informação. Na periferia da cidade muitos moradores não sabem sequer quem são os candidatos. É o caso da dona de casa Luci Martins dos Santos, moradora do Jardim do Sol, que não sabe o nome de nenhum dos quatro candidatos; "Não sei quem são os candidatos mas até lá vou me informar. Na última (eleição) eu não votei mas a gente tem que votar né?", diz Luci.

Mais três moradores do Jardim do Sol foram indagados por nossa reportagem; Dois deles não sabiam os nomes dos candidatos. Sentada em um banquinho de madeira em frente a sua casa, vendo os três filhos brincarem na calçada de chão batido e segurando outro filhinho no colo, a dona de casa Angélica Ribeiro Diniz, 23 anos, sabe apenas dizer o nome de um candidato que segundo ela, visitou o bairro; "Eu não vou votar mais meu marido vota", justifica.

solrrr
Já no Jardim Silveira, bairro próximo ao Jardim do Sol, os moradores (foto acima) estão um pouco mais informados, depois de muito custo e de consultar um ou outro vizinho eles conseguem finalmente saber quais são os quatro candidatos e no final chegam a conclusão que os nomes e a situação dos candidatos (todos com pedido de impugnação) não animam; "Não é a toa que não vou dar meu voto para ninguém", avisa a trabalhadora rural aposentada Josefina Lupi, 62 anos.

Sua amiga Ednes Duarte de Souza Palhares, 48 anos, discorda; "Eu voto e já tenho candidato. Nós temos que ajudar a mudar" diz esperançosa a Dona de casa aposentada. Ela explicou que com a crise política do município "O povo está sofrendo principalmente na questão da Sáude. Sou doente, faço uso de medicamentos contínuos e fazem sete meses que faltam remédios. Eles dizem que é por causa da crise política mas quem sofre somos nós, os de menos condições. Para ajudar, no Brasil tudo subiu, força, água, gasolina.", desabafa Ednes.

Após ouvir o desabafo da amiga, a trabalhadora Rural Josefina muda de idéia; "Já sei em quem eu vou votar. É eu vou votar! ", diz confiante.

Com a crise da laranja acentuada e a falta de uma política de desenvolvimento, Itápolis sofre com a recessão, desemprego, pobreza e aumento da violência. Outro problema é que, como em todo o país, as instituições representantes dos trabalhadores, que deveriam protegê-los, acabaram virando ferramentas políticas.

Comerciantes e trabalhadores reclamam que o cenário econômico ficou pior após as crises políticas que vem ocorrendo com frequência na cidade já há alguns anos; "Quem sofre somos nós, os moradores. Tudo fica parado em função desta indefinição", disse um comerciante que não quis ser identificado.

Moradores reclamam também da falta de desenvolvimento da cidade que tem mais de 150 anos; "Com tanta briga política e falta de candidatos adequados a cidade não desenvolve.", reclama um trabalhador que também não quis ser identificado.

De acordo com os moradores mais antigos do município a política de Itápolis (que não é diferente do restante do Brasil) é a chamada "Política de Guerrilha" onde grupos, partidos e políticos se únem e trocam de lado frequentemente para medir forças e "emparedar" os concorrentes e dissidentes políticos.  

Em contra partida a esta situação, Itápolis, cada vez mais, vem ganhando notoriedade, principalmente entre moradores que vem de outros lugares, eles avaliam que o município tem uma "sociedade extremamente fechada".  "Já ví isto em algumas cidades mais Itápolis tem a sociedade mais fechada que eu já ví", diz um engenheiro que trabalha em Itápolis há mais de 20 anos. Para ele o centro do problema pode ser a política; "As pessoas acabam se isolando em grupos fechados".

Segundo especialistas a culpa não é somente dos politicos ou dos sistemas, é também do povo que é muito leniente. Em Itápolis as pessoas também deveriam protestar, reagir e votar com consciência porque o problema de tudo isto é que quem paga a conta, no final, é o eleitor que, aliás, não sabe direito quem são os candidatos a apenas 15 dias das eleições.