Acima fachada da Santa Casa de Itápolis onde funcionários ainda estão sem 13º Salário.(Foto: J.Reis/Arquivo JKAsites)
Da assessoria da Câmara - Trabalho conjunto entre poderes públicos e comunidade. Esse foi o principal apontamento para superar os problemas da Santa Casa apontados na audiência pública realizada pela Câmara Municipal na noite de quinta-feira (23/5).
Problemas que, pelos diagnósticos dos gestores, foram definidos como de grande dimensão. A despeito das questões conjunturais, o desafio da audiência foi encontrar solução para o pagamento do 13º salário de 2012.
As notícias não foram animadoras aos funcionários. Questionado pela vereadora Edmércia Micheletti (PSB), o gerente da Santa Casa João Batista de Araújo disse que não há previsão de pagamento do 13º de 2012. O interventor Paulo Sene deixou claro que a decisão do não pagamento foi consciente por conta de um dilema imposto ao hospital no final do ano passado: “ou pagávamos o décimo terceiro, ou comprávamos medicamentos. Optamos por manter a Santa Casa de portas abertas”, explicou.
“Peço desculpas aos funcionários. Se não fizemos é porque não tinha como fazer. Não temos prazer nenhum em não pagar os funcionários da Santa Casa”, lamentou o prefeito Júlio Mazzo (PRP).
Diagnósticos
Um grande problema precisa de diagnóstico. Grande parte das três horas da audiência girou em torno das causas que levaram à Santa Casa ao que parece ser o fundo do poço. E o sistema SUS e sua tabela de pagamentos foram os vilões.
“O problema da Santa Casa não é o valor dos repasses da Prefeitura, mas sim os valores do SUS”, afiançou João Batista de Araújo, que citou como exemplo os exames de raio-X, que custam R$ 21,00, mas o SUS paga apenas R$ 10,00. Segundo o gerente, são feitos em média 1500 exames em um mês.
O diretor adjunto de saúde, Pedro Cirino, explanou sobre números da Santa Casa e do Pronto Atendimento. De acordo com o levantamento, a dívida atual da entidade é de R$ 8 milhões, sendo que R$ 80 mil têm como credores fornecedores locais.
O déficit mensal da Santa Casa é de R$ 263 mil, em valores aproximados. As receitas são de R$ 768 mil e as despesas chegam a R$ 1,032 milhão.
A secretária municipal de Saúde Lucilene Daniel lembrou que apenas 6% da população de Itápolis desfruta de plano privado de saúde e que quase 90% dos atendimentos prestados pelo hospital são via convênio SUS.
“Com as receitas atuais, não dá pra se tocar (a Santa Casa) por dez dias”, comentou o prefeito Mazzo. “Já estive com o governador para doar o prédio da Santa Casa para o governo do estado e até agora ninguém me respondeu nada. Faz sete meses que estou tentando agendar reunião com o secretário de estado da Saúde”, protestou.
O prefeito exortou também os vereadores a procurarem seus deputados e requerer que sejam destinadas emendas parlamentares em favor do hospital.
O vereador Avelino Cunha (PT) discordou dos gestores da Santa Casa e apregoou que a Prefeitura deve aumentar os valores repassados à entidade, atualmente fixados em R$ 300 mil ao mês. “Temos que esquecer o SUS e garantir o pagamento dos trabalhadores”, afirmou.
O presidente Guto Biella (PV) contestou Avelino e lembrou que o governo municipal tem outras obrigações como transporte universitário, infraestrutura e compra de remédios distribuídos gratuitamente à população. Guto considerou a hipótese de se realizar um trabalho de arrecadação de valores junto aos empresários locais em favor da Santa Casa.
O hospital de Itápolis possui 90 leitos e o Pronto Atendimento registra, em média, 180 procedimentos diários.
Veja no site oficial www.camaraitapolis.sp.gov.br o vídeo da audiência pública sobre a Santa Casa.
Jornalismo – Câmara Municipal