Durante a palestra que encerrou o mês do meio ambiente e agricultura sustentável em Itápolis, a terapeuta prânica Érika Taguchi e a empresária Eliana Sayuri falaram sobre os benefícios das PANCs e a importância da diversificação alimentar - para nós e para o planeta.

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Érika e Marcia com um prato feito com PANCs durante encontro em Itápolis

por Karina Cardili Você já se imaginou comendo um risoto de capuchinha? Ou talvez um macarrão com ora-pro-nóbis ou um ravióli de bertalha? Pois as pancs (Plantas Comestíveis Não Convencionais), que há algum tempo enriquece pratos mundo afora, estão chegando com força total nas mesas dos brasileiros, atingindo atualmente a alta gastronomia, como através do chef Alex Atala, proprietário do restaurante, D.O.M., que foi eleito o 6º melhor restaurante do mundo e o melhor da América do Sul. Estas plantas ganharam visibilidade e a denominação após a publicaçãao do livro ‘ Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), resultado de 10 anos de trabalho dos autores Valdely Kinupp e Harri Lorenzi - dois dos maiores estudiosos de plantas no Brasil.

 

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Os benefícios destas plantas, que chegam a ser consideradas por algumas pessoas como matos, pois crescem espontaneamente nos quintais, mas que possuem um poder nutritivo inimaginável, foram mostrados pela terapeuta prânica Érika Taguchi e pela empresária Eliana Sayuri O. de Faria durante o encerramento do cliclo de palestras que fecharam o Mês do Meio Ambiente e Agricultura Sustentável de Itápolis, realizado pela prefeitura municipal, sindicato Rural de Itápolis e escritório de Defesa Agropecuária de Jaboticabal, com apoio da Associação das Revendas de Defensivos Agrícolas e Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Itápolis (fotos acima e abaixo).

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Durante a palestra, denominada Pancs e Hortas Urbanas, elas explicaram a importância da alimentação saudável na prevenção de doenças, a relação do ser humano com a Natureza e o alto índice nutricional das PANCs, que são muitas vezes superiores às hortaliças, raízes e frutos que estamos habituados a comer. Estas plantas são ricas fontes de vitaminas, antioxidantes, fibras, sais minerais, que nem sempre são encontradas em outros alimentos, além do poder medicinal de algumas delas.

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Encontro de PANCs em Itápolis

Estima-se que 35 mil espécies tenham potencial comestível, e hoje 90% da nossa comida vem de 20 espécies – mostrando que consumimos menos de 0,04% da biodiversidade.

“Os alimentos são sagrados e a alimentação adequada é um dos principais pilares da Saúde. Temos uma variedade enorme de alimentos que conhecemos e aqueles que nem imaginamos, como no caso das pancs. E elas tem uma energia diferente pois são expontâneas, não necessitam de agrotóxicos em seu cultivo, ou seja, são uma excelente fonte de energia para nós”; explica Érika.

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Pratos preparados com Plantas Alimentícias Não Convencionais durante encontro em Itápolis

“Precisamos repensar nosso estilo de vida. Estamos consumindo alimentos cheios de agrotóxicos, de produtos industrializados repletos de química, de produtos cancerígenos... Estamos destruindo nosso planeta, extraindo demais sem devolver nada em troca. Tudo isso acaba acarretando problemas de saúde física, mental e emocional. E as PANCs vem como uma alternativa para repensarmos esse modo de vida. Além disso, quando consumimos sempre as mesmas espécies convencionais, ingerimos os mesmos nutrientes e vitaminas. As PANCs podem ajudar a quebrar essa monotonia do mercado e do que levamos para a mesa. Precisamos variar o consumo de alimentos”

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Encontro de PANCs em Itápolis

Érika diz que a melhor planta para ser consumida é aquela que está mais perto de nós. “Segundo a Ayurveda, a planta que nasce perto de você é a que você precisa. E é exatamente isso. Há pessoas que vão buscar PANCs em outros países, sendo que aqui há uma riqueza imensa destas plantas. Em nossa cidade mesmo, temos uma infinidade de plantas alimentícias não convencionais. Em nosso grupo (em Itápolis há um grupo que cultiva e consome PANCs, do qual Érika faz parte) sempre damos prioridade para as plantas da cidade”.

Ela acredita que, em breve, a maioria das pessoas estarão se alimentando das PANCs. Hoje, por incrível que pareça, elas ainda estão restritas as classes mais alta e à pessoas que tem informações sobre seus benefícios, quando poderiam estar sendo consumidas por todos. “As pessoas tem preconceito de consumir ‘mato’, mas que na verdade, são alimentos”.

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Érika tem um livro pronto para publicação, o "Pratos PANCs", e diz que muitas delas tem um sabor delicioso. “Na verdade nossos paladares estão ‘viciados’ nos sabores que conhecemos. Todos sabem que o sal e açúcar são prejudiciais à saúde mas, mesmo assim, continuam consumindo, já que fomos acostumados com estes sabores. Minha avó sempre utilizou estas plantas para cozinhar. Foi ela que me ensinou que não devemos ter preconceito com os alimentos. Ela sempre dizia: “Experimenta. Você pode gostar”. Então desde criança tive este contato com as plantas não convencionais”; explica Erika.

Ela lembra que nem todas as plantas são comestíveis e algumas são inclusive prejudiciais á saúde. “Algumas plantas são tóxicas e não devem ser consumidas. Aquelas que tem latex, por exemplo, podem cegar e causar queimaduras na pele. Por isso, é preciso pesquisar as espécies para saber aquelas que são comestíveis.

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Antes da preparação dos alimentos, o grupo colhe as plantas a serem consumidas

O que pode ser considerado uma PANC?
São plantas que encontramos facilmente e que a maioria das pessoas não se dá conta da sua função alimentar. Muitas são consideras matos espontâneos, ou seja, plantas que crescem espontaneamente nos nossos quintais, quais temos a mania de considerar daninhas e retirar sem qualquer utilização posterior. Também podemos considerar algumas plantas PANCs algumas plantas comuns, como a bananeira (Musa x paradisiaca), pois acabamos restringindo o seu consumo a apenas uma parte (o fruto maduro), sendo que as demais são renegadas, como os mangarás (corações ou umbigo) e os frutos verdes. Portanto, plantas com funções alimentícias não conhecidas pela maioria e partes não usuais podem classificar uma planta como uma PANC.
As PANCs são, em sua maioria, rústicas e indicadoras de solo. O agrotóxico não é necessário para seu crescimento, pois ela é adaptada e conta com controle biológico, decorrente de ambientes biodiversos. Em resumo, tem manejo e cultivo fácil.
São extremamente importantes para a variação da nossa dieta, sendo muitas vezes mais nutritivas que os alimentos convencionais, a exemplo das urtigas e mamão-do-mato, que possuem de 3 a 5x mais cálcio que o espinafre (considerado fonte).

Alguns exemplos de PANCs:
Begônia - Suas flores podem ser consumidas cruas em saladas. Também caem bem com geleias e mousses.

Dente-de-leão- Esta planta tem muitos fitonutrientes. Possue vitaminas A e C, e as flores e folhas podem ser consumidas. As raízes torradas também podem compor uma bebida.

Vinagreira (Hibisco)- As folhas jovens e as pontas dos ramos são comestíveis, assim como a flor e as sementes. Pode ser consumida crua, refogada ou cozida.
Serralha- A serralha é fonte de vitaminas A, D e E e pode ser utilizada em saladas - seu sabor é parecido com o do espinafre.
Araçá do campo- Da família da goiaba, a fruta possui vitamina A, B e C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.

Monguba- As sementes servem a inúmeros preparos: em torradas, são comparáveis às melhores amêndoas e castanhas; trituradas, são base para pães, bolos, paçocas e, até, para empanar peixes; cozidas, lembram as castanhas-portuguesa. Suas folhas jovens, ainda brotando, podem ser consumidas como verduras. Outro nome da monguba é castanheira-d’água fazendo a ponte com o uso importante das suas sementes.

Cambuci- O cambuci é uma grande fonte de Vitamina C, e um poderoso alimento rico em antioxidantes.

Ora-pro-nobis- Na forma de chá, a erva pode ser usada como depurativa do sangue e tônica, e por isso é eficaz no tratamento de cistite, úlceras, queimaduras, problemas de pele e processos inflamatórios. Rica em vitaminas A, B, C, fibras, ferro e fósforo, além da mucilagem, a planta auxilia no bom funcionamento intestinal, no aumento da imunidade, e pode ser usada na produção de mel.

Quem quiser participar do grupo PANC’s e Sustentabilidade, de Itápolis, pode entrar em contato com Erika Taguchi pelo face https://www.facebook.com/taguchi.e ou com Eliana Sayuri O. de Faria (https://www.facebook.com/eliana.s.defaria).