Do G1- A prefeita de Bauru (SP), Suéllen Rosim (PSD), foi às redes sociais mostrar indignação após afirmar ter sido comparada a uma “ninfeta no prostíbulo” por um jornalista durante a participação em um programa de uma rádio local. O caso foi registrado no programa multimídia Cidade 360, do JC/JCNET em parceria com a 96FM, na terça-feira (6).


Na ocasião, o jornalista e economista Reinaldo Cafeo comenta a proposta apresentada pela Prefeitura de Bauru de modelagem para a conclusão e operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa, que inclui um pedido para a concessão do projeto à iniciativa privada. A obra, que promete tratar todo o esgoto de Bauru, passou por inúmeros adiamentos e atrasos desde que teve início, em 2015.

Em determinado momento, o jornalista, que comenta os detalhes da proposta que teve os estudos realizados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), afirma que a instituição “não é dona da verdade, e não é porque é a Prefeita, que ela é uma ninfeta no prostíbulo, nem que ela é...”, encerrando a analogia antes de completá-la.

Nesta quarta-feira (7), o economista pediu desculpas pelo termo e explicou que o conteúdo divulgado pela prefeita foi retirado de contexto (veja abaixo).

Na sequência, ele complementa o raciocínio afirmando que “se a cidade não estiver aberta para [olhar] linha a linha, usando de toda expertise que tem da sociedade civil organizada, dos líderes comunitários e tudo mais e abrir isso, nós vamos ficar sem tratamento de esgoto”. (Veja o momento do comentário abaixo).

Jornalista se justifica após comparação de prefeita com 'ninfeta de prostíbulo' em Bauru

Nas suas redes sociais, em um vídeo de pouco mais de 20 minutos, a prefeita Suéllen Rosim mostrou o recorte com a fala do jornalista e julgou a comparação e o teor do comentário como “discrepante” e “desrespeitoso”.

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    “Agentes de comunicação, que deveriam ser exemplos. Usar esse comparativo baixo. Sem pé, nem cabeça. Pouco me interessa o contexto”, pontuou. “Baixaria é a palavra certa”, complementou na sequência do vídeo, que intitulou como “desabafo” nas redes sociais.

Questionado sobre o caso, o advogado da prefeita de Bauru Jeferson Machado, em nota, afirmou que Suéllen “recebeu com absoluta consternação e repulsa a manifestação totalmente desrespeitosa e ofensiva feita por um membro da imprensa” e que “todas as medidas cabíveis já estão sendo adotadas, especialmente no sentido de responsabilizar o ofensor”, já que “comportamentos desta natureza atentam contra todas as mulheres”.

Desculpas e frase tirada de contexto

Procurado pela reportagem do g1, o jornalista e economista Reinaldo Cafeo pediu desculpas pelo comentário que julgou “infeliz”, mas afirmou que ele não se referia à Suéllen, e sim ao cargo e aos possíveis interesses inerentes em meio a um processo de concessão.

“Na ocasião, o vereador convidado alertou que, no projeto apresentado, cerca de R$ 200 milhões no caixa do fundo de esgoto seriam repassados ao consórcio que iria administrar a estação de tratamento, e neste momento deu a entender que podem existir outros interesses na concessão. Neste momento, eu coloquei que nem a Fipe teria 100%, nem a classe política poderia desconsiderar o histórico de licitações nem sempre republicanas. Isso acontece em todo o país e servia de alerta a prefeita”, explicou à reportagem.

“Neste raciocínio, acabei tendo uma frase infeliz ao dizer que nem a Fipe está 100% certa e nem a prefeita é 'ninfeta no prostíbulo', me referindo como a classe política é experiente e, por vezes, interesses de grupos podem tirar vantagem da questão. Ou seja, que ela não poderia ser inocente ao ponto de não ficar alerta sobre esses grupos de interesse nas licitações. Reforço, estávamos falando da licitação e não da prefeita”, complementou.

Ainda à reportagem, Reinaldo Cafeo afirmou ter recebido o vídeo da prefeita nas redes sociais com “surpresa” e que o recorte postado por ela foi “tirado de contexto”.

“Para minha surpresa, a prefeita fez um recorte somente da minha fala da ninfeta no prostíbulo, tirando totalmente do contexto, e se sentiu ofendida. Em momento algum me dirigi à prefeita pejorativamente, por sinal, sequer citei seu nome. Estava discutindo e falando das licitações”, afirmou.

“Talvez minha falha final tenha sido não concluir o raciocínio, mas quando estamos ao vivo, por vezes o pensamento vai mais rápido do que a fala, e já pensando na próxima fala, deixei de concluir que na classe política não há inocentes e que todo cuidado com o dinheiro público é pouco”, complementou o economista.

Apesar das divergências quanto à contextualização e à interpretação da frase, Cafeo se desculpou pelo termo usado e afirmou que o “direito de resposta está garantido”, bem como a “abertura de diálogo” com a prefeita.

    “Mesmo entendendo que não me dirigi diretamente a ela e não fiz nada que pudesse ter essa repercussão, quero o melhor para a cidade, peço desculpas pela fala de ontem e a quem eu possa ter ofendido. Aceito críticas, posso não agradar a todos, mas não aceitarei manchar minha reputação por uma fala editada e fora de contexto. Se tem algo que repudio é avançar no CPF das pessoas. E não faria isso com ninguém, assim como ofender as mulheres”, afirmou.

“O direito de resposta está garantido. Seria um importante momento para esclarecermos o ocorrido e não colocar mais lenha na fogueira. O dente por dente e olho por olho do antigo testamento foi substituído no novo testamento. Se sentir ofendido, dê a outra face, e para quem interpreta esse texto em real contexto, sabe que isso quer dizer, abra o diálogo e não o contrário”, finalizou.

Repúdio

O Conselho Municipal de Políticas Públicas para Mulheres (CMPM) de Bauru também repudiou o termo usado pelo jornalista, no que classificou como “ataques feitos à Prefeita”.

“Não aceitamos tamanha falta de respeito. Antes de ser prefeita, ela é mulher e nós mulheres exigimos respeito”, diz o comunicado.