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Do Jornal de Itápolis- Na última segunda-feira, 27, foi comemorado o Dia do Teatro. TEATRO? No mundo da internet, das redes sociais, da televisão, para muitas pessoas o teatro parece uma coisa tão.... distante..... principalmente das pequenas cidades, como Itápolis.

Realmente, durante anos o teatro ficou esquecido por aqui, salvo algumas poucas apresentações escolares. Até que, no ano passado, o ator e diretor de teatro Paulo Braulino formou um grupo de teatro, dando aulas voluntárias para crianças e adolescentes em sua casa. Este ano, com apoio da prefeitura, o curso passou a ser ministrado no CRAS para um grupo maior de jovens aprendizes de atores. São 36 no total.

Paulinho, que foi um dos pioneiros do teatro itapolitano e dirigiu, entre outros atores, o itapolitano Rodinei Granuci, que hoje é um renomado diretor teatral em São Paulo, conta que ficou 13 anos longe do teatro e sentia que deveria repassar sua carga de conhecimento para outras pessoas. “Eu me sentia na responsabilidade de fazer isso. O teatro não podia desaparecer daqui”, conta Paulinho, que aos cinco anos já pegava lençol da mãe, montava uma ‘tenda’ na rua e fazia apresentações para o público.

Aos 14 anos, Paulinho escreveu sua primeira peça teatral e aos 20 montava o grupo Boca que Ri, com o qual ganhou vários prêmios, entre eles o de diretor revelação em São Paulo com a peça Noite de Reis ou o Que Quiserem, de Shakespeare. Na época, grupo foi capa do caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo.

Ele diz que, por tudo isso, sentiu-se na obrigação de reviver o teatro em Itápolis. Mas este não foi o único motivo. “O teatro modifica a vida dos atores. Ele abre as mentes. Modifica o modo de enxergar o mundo”.

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Para ele, este é também um dos motivos pelo qual a arte não é incentivada pelos governantes. “O teatro é uma cultura de indivíduo, não de massa. Você tem que aprende a ser o sol, a lua, a chuva, a terra. Uma pedra, um velho, uma criança. Você tem que aprender a chorar, a gargalhar. Mexe com a emoções, com o conhecimento externo e interno. Ele te faz pensar. Cria formadores de opinião e quem está no ‘poder’ não quer isso”; conta Paulinho, que diz ainda que, felizmente, o atual prefeito de Itápolis não pensa dessa forma e deu total apoio para que as aulas fossem ministradas para crianças de bairros da periferia.

Ashely Eduarda Inácio de Moura, 13 anos, é prova disso. Ela conta que entrou no grupo de teatro há 9 meses e que seu pai elogiou a mudança de seu comportamento. “Eu era bastante teimosa e desobediente. Sei que dava trabalho em casa. Mas hoje consigo compreender melhor meus pais, meus professores. Antes eu não tentava entender os outros, como faço hoje”.

O teatro também está sendo um divisor de águas na vida de Beatriz, 12 anos. Ela conta que sempre foi muito tímida e por conta da gageira, evitava conversar com as outras pessoas. “Quando me convidaram para participar do grupo de teatro, achei que não conseguiria, por causa da minha gageira. Quando ficava nervosa então, ela aumentava muito”.

Bia entrou no grupo há um mês e, quando está atuando, sua gageira se torna imperceptível. “Apesar de tão pouco tempo, minha mudança de comportamento foi visível. Todo mundo fala que eu estou mais solta, converso com as outras pessoas, não tenho mais vergonha como eu tinha”.

Wesley Daniel, de 14 anos, que foi o primeiro a entrar no grupo há um ano e já fez três apresentações, conta que a emoção de estar no palco é indescritivel. “Quando a cortina abre, dá aquele frio na barriga de ver todas aquelas pessoas te olhando. Mas depois a gente vai ficando mais a vontade. E é muito legal as pessoas te reconhecerem, dizerem que viu você atuando e virem te cumprimentar”; conta.