Rosana Guimarães afirma ter sentido que algo que poderia acontecer com a filha, de 12 anos, encontrada morta em Araçariguama (SP). Suspeito que deu seis versões sobre o caso está preso temporariamente.

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Filha, cuidado na hora se te abordarem, se [alguém] te chamar na porta de um carro, você não vai. Se tentarem te pegar, você corre, você grita. Mas se ainda te pegarem, filha, você clama a Deus, que Deus vai cuidar de você."

O alerta foi feito para a menina Vitória Gabrielly, de 12 anos, dias antes de ela desaparecer ao andar de patins perto de casa, em Araçariguama. A entrevista foi gravada na sexta-feira (15), um dia antes do corpo da menina ser localizado na zona rural da cidade por um homem que caminhava pelo local e chamou a polícia.

O enterro foi na manhã deste domingo (17), no cemitério da cidade onde morava. Segundo a prefeitura, cerca de 2 mil pessoas participaram da despedida sob forte comoção. A mãe esteve ausente após passar mal.

Sentada na cama da filha, ainda em meio às investigações da polícia e a aflição de não saber o paradeiro dela, Rosana Guimarães contou ter sentido que algo poderia acontecer.

"Eu senti. Deus usou e falou pra ela, entendeu?", relatou a mãe da menina Vitória.

Vestindo uma camiseta com a foto da filha, Rosana relatou que passou as orientações para a menina Vitória em um domingo, depois que saíram da igreja. Na conversa, a garota ainda ouviu da mãe orientações de como agir caso fosse abordada por um desconhecido.

"Você vai em um lugar público, tenta ligar pra mamãe, nem que seja a cobrar. Você pede ajuda de policiais, falei tudo isso pra ela. Sem nem saber o que estava pra acontecer."

Vitória Gabrielly foi vista pela última vez andando de patins na Rua Espírito Santo. Câmeras de segurança registraram ela passando pela via

No quarto da filha, Rosana mostrou as bonecas que ela gostava de brincar, o caderno da escola e fotos dela mais nova, e fez um apelo.

"Falo para essa pessoa que eu não quero fazer nada contra ela, nem denunciar. É só devolver a minha filha. Eu esqueço ela [pessoa] e ela esquece a minha filha, cada um segue sua vida. Por que segurar minha filha? Ela não fez nada."

Entenda o caso
A menina foi encontrada morta no início da tarde de sábado (16), em uma área de mata às margens de uma estrada de terra no bairro Caxambu, área rural da cidade. Vitória Gabrielly estava desaparecida desde o dia 8 de junho, quando saiu para andar de patins.

Segundo a PM, a menina estava com a mesma roupa que vestia no dia do desaparecimento. O corpo foi localizado em uma trilha, ao lado dos patins, a cerca de 15 metros de distância do trecho onde passam veículos. As causas da morte ainda estão sendo investigadas.

A Polícia Civil prendeu o suspeito que apresentou seis versões diferentes sobre o desaparecimento da menina. A polícia fez o pedido de prisão temporária e a Justiça acatou, na sexta-feira (15).

Segundo a polícia, o suspeito, um servente de pedreiro, afirma que esteve com a garota na sexta-feira (8), quando ela foi vista pela última vez.

O rapaz chegou a apontar locais por onde a menina teria passado em Mairinque. De acordo com o delegado seccional Marcelo Carriel, ele disse ser usuário de drogas e revelou que esteve com a garota junto com um casal em um carro.

O homem afirmou que foi deixado em uma rua na volta para Mairinque, cidade onde mora, e que a menina seguiu com o casal no carro. O casal também foi ouvido, mas a polícia não encontrou indícios de envolvimento no caso. O carro do casal também passou por vistoria e nada foi encontrado. Eles foram liberados na quinta-feira (14).
O delegado disse que a menina pode ter sido levada por engano, mas não explicou o motivo. A Justiça também determinou que a investigação siga sob sigilo.
Além de Mairinque e Araçariguama, as equipes policiais fizeram buscas também em São Roque (SP).

Equipes das polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e Comando de Operações Especiais (COE) percorreram áreas de mata até a Represa de Itupararanga. Uma equipe do canil da Guarda de Itupeva (SP) auxiliou com cães farejadores.

O advogado da família disse ao G1 que apurou junto aos peritos que há indícios de asfixia, com sinais de enforcamento, e que a morte da Vitória ocorreu de sete a oito dias, que pode ter acontecido no mesmo dia em que ela sumiu.

Mas o advogado ressalta que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) deve comprovar ou não a suspeita.

A Polícia Civil informou que o laudo do IML ficará pronto em até 30 dias e não confirma a suspeita de enforcamento. O suspeito preso vai ser ouvido novamente nessa semana. (TvTem)