Do G1- Marido da trabalhadora rural Alessandra Alves da Silva, de 39 anos, que morreu após o vazamento de gás tóxico na noite desta terça-feira (4) em Pontal (SP), Francisco de Lima chegou a dizer à mulher que o cheiro forte poderia ser do inseticida usado contra o mosquito da dengue.
Lima não estava em casa no momento porque estava trabalhando em Barretos (SP). Momentos antes de Alessandra passar mal, ele conversou com a mulher por telefone.
"Eu comentei com ela, falei assim: 'deve ser aquele produto que eles jogam para mosquito da dengue'. Mas aí não era, eram outras coisas, substâncias químicas mais fortes", afirma.
Segundo Lima, Alessandra tinha acabado de chegar do serviço e estava preparando o jantar quando a névoa tóxica tomou conta da região. Ela estava com um sobrinho em casa.
"Conversei com ela, ela estava bem, disse que estava na correria porque estava fazendo janta. Ela tinha chegado por volta de umas 18h e pouco do serviço e já foi direto para o fogão fazer comida. Foi tipo num segundo que aconteceu isso, essa tragédia, infelizmente", disse.
A princípio, as autoridades informaram que as suspeitas eram de que o gás tóxico tinha vazado da casa da família. A hipótese foi descartada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (5) depois que a Polícia Científica vistoriou o imóvel no bairro Campos Elíseos e não encontrou nenhum vestígio no local.
Lima também negou que Alessandra pudesse estar manipulando produtos químicos no momento do vazamento. Ela morava com o marido no bairro desde novembro de 2021.
Pânico na cidade
A névoa tóxica afetou o bairro Campos Elíseos por volta das 19h30 de terça-feira. Moradores relataram que começaram a sentir um cheiro muito forte, parecido com o de água sanitária.
Cerca de mil pessoas tiveram que deixar suas casas às pressas, por orientação da prefeitura. Com sintomas respiratórios e dificuldade para respirar, dezenas de pessoas procuraram atendimento na Santa Casa do município, inclusive com casos de urgência.
Segundo informações atualizadas pela Prefeitura às 12h30 desta quarta-feira, 95 moradores foram atendidos na Santa Casa em função do vazamento.
Do total, um paciente segue em observação em Pontal e outros cinco estão internados na região, sendo quatro em Sertãozinho (SP) e dois em Ribeirão Preto (SP). Um dos hospitalizados em Ribeirão Preto está intubado.