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A Santa Casa de Araraquara confirmou por volta das 22 horas deste domingo (05) que Willian Rodrigo Ferreira, de 31 anos, morreu pouco tempo depois de dar entrada na unidade de emergência do hospital. O tratorista foi atingido por tiros disparados por um policial militar, após uma confusão iniciada em uma briga dele com a esposa, no conjunto habitacional do Jardim dos Oitis, no Jardim Iguatemi, em Araraquara. A Polícia Civil investiga as circunstâncias em que a morte ocorreu.

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O coordenador operacional do 13º Batalhão da Polícia Militar do Interior, capitão Rogério Ferreira, diz que a PM foi chamada para anteder a uma ocorrência de violência doméstica. Por lá, o marido, agressivo, já tinha danificado alguns objetos. Em meio a ocorrência, segundo a PM, o Willian reagiu e partiu em direção aos policiais. Ao tentar retirar a arma de um dos pms, houve a reação e os tiros disparados.

A podóloga Laís Gonçalves Lemos , 28, esposa de Willian, contou com exclusividade ao portal A Cidade ON Araraquara e a rádio Jovem Pan, que foi agredida pelo marido iniciando toda a confusão que terminaria de maneira trágica. "Ele estava alcoolizado, bebendo desde sábado. Eu pedi para ele se recolher, para tomar banho, descansar, porque ia trabalhar cedo e aí ele me agrediu. Ele estava com um serrote que emprestou do vizinho e apontou para meu filho. Não chegou a encostar, mas apontou e eu não gostei. Fiquei brava e ele veio para cima de mim", disse.

Ela afirma, ainda, ter levado vários socos no rosto, braços e teve o dedo de uma das mãos torcido pelo marido. No apartamento, além do casal, estavam mais cinco crianças. Dois filhos dele, um enteado, uma sobrinha e um vizinho.

Para não assustar as crianças, a esposa levou o marido para o quarto do casal. Lá, segundo ela, foi novamente agredida. A violência só teria parado quando a irmã do tratorista apareceu e tentou acalmá-lo. "Ele disse que só sairia de lá morto ou preso então eu corri para fora, não ia ficar com ele lá dentro", afirmou Laís.

A esposa foi até a portaria e encontrou uma viatura da Polícia Militar [aparentemente acionada devido a discussão dos dois]. Aos policiais, ela relatou o acontecido e admitiu temer voltar para casa e ser morta pelo companheiro. Na versão dela, quando os policiais caminhavam em direção ao apartamento Willian apareceu, segundo Laís, transtornado.

"Ele tentou me pegar de novo, para me bater. Eu corri, ele foi pra cima do policial, deu um soco no nariz do policial, na boca do policial. O policial se defendeu, começou a atirar pra cima, mas aí os tiros pegaram nele, eu acho", lembra ela. Testemunhas disseram que Willian foi atingido por pelo menos três disparos.

De acordo com a PM, as armas dos policiais envolvidos foram apreendidas para que o inquérito interno, além da apuração convencional da Polícia Civil, possa ser realizado. Bombas de efeito moral também foram utilizadas para controlar a movimentação de moradores. "A principio é isso que indica [legítima defesa], a esposa confirma essa versão dos policiais e preliminarmente também nos disse isso", diz o capitão.

O que diz a Polícia Militar 
Imagens divulgadas na internet mostram um dos policiais em meio a população e o tratorista caído no pátio. Willian chegou a ser socorrido por uma Unidade de Suporte Avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até a Santa Casa de Araraquara, mas não resistiu. Parentes dele estavam por lá. Quando souberam da notícia, a mãe chegou a passar mal. Revoltados, amigos e parentes falavam em justiça.

Confusão

A morte de Willian Rodrigo Ferreira causou revolta entre os moradores do Residencial dos Oitis. Antes até de a morte ser confirmada, muitos tentaram tirar satisfação dos policiais. Houve confusão, tiros com balas de borracha e até granadas de efeito moral.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram, inicialmente, apenas dois policiais ao lado do corpo do tratorista, tentando conter uma multidão que os acusava de assassinato. "Os caras veio para dar tiro em nóis", disse um dos moradores que é ouvido no vídeo.

Depois mais viaturas chegam e a confusão aumenta com mais moradores indignados. Houve corre-corre e muita reclamação. "Eles mataram um cara trabalhador, nunca se envolveu com nada errado. Estão atirando nas pessoas inocentes", afirmou outro morador do conjunto habitacional. (CidadeOn)