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A cabo da PM Aguida Barbosa, única testemunha da confusão que terminou com as mortes do também cabo da PM e ex-judoca olímpico Mário Sabino Júnior e do sargento Agnaldo Rodrigues, marido dela, em Bauru, não compareceu nesta terça-feira (5) na Polícia Civil para prestar depoimento após ser intimada.

Segundo o delegado Cledson Nascimento, que comanda as investigações do inquérito aberto no dia 29 de outubro para investigar o crime, a cabo Aguida não teria sido autorizada a prestar depoimento pelo comando da Polícia Militar.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar, mas a corporação ainda não se manifestou se realmente não autorizou a presença da policial ao depoimento que estava marcado marcado para as 13h30, na Central de Polícia Judiciária (CPJ).

O delegado explicou que a cabo Aguida não será enquadrada no crime de desobediência por faltar ao depoimento já que foi uma ordem da corporação.

"Encaminhamos a solicitação à PM via e-mail para ela comparecer, mas hoje [terça-feira, 5] recebemos o comunicado da PM que, por determinação superior, ela não se apresentaria. Da mesma forma, a PM informou que o conteúdo do inquérito policial militar não seria encaminhado para ser juntado ao inquérito aberto pela Polícia Civil", disse Nascimento.

Diante da ausência da principal e única testemunha do crime, Cledson Nascimento explicou que deve enviar um despacho à Justiça para que ela se manifeste sobre a competência da investigação.

Atualmente, além do inquérito aberto pela Polícia Civil, há também investigação por parte da PM através de um processo aberto na Justiça Militar.

"O caminho agora da Polícia Civil é elaborar um despacho fundamentado para que a Justiça possa dirimir esse questão sobre a competência da investigação, que não é um conflito, mas é um entendimento diverso das duas instituições", disse o delegado.

Entenda o caso

As mortes do ex-judoca olímpico Mário Sabino e do sargento Agnaldo Rodrigues são investigadas pela Polícia Militar e também pela Polícia Civil. Os corpos dos dois policiais militares foram encontrados em uma rua do Jardim Niceia, na noite do dia 25 de outubro.

Policiais militares que faziam o patrulhamento no local viram três veículos na rua, um deles no meio da via, o que chamou a atenção. Ao se aproximarem, os policiais viram a cabo Aguida Barbosa, mulher do sargento, bastante nervosa e acionando o Samu pelo celular.

O corpo de Agnaldo estava próximo a um dos carros e de Sabino cerca de 15 metros de distância. A cabo não quis dar a sua versão do que tinha acontecido para os policiais, mas segundo a PM, ela já foi ouvida no inquérito instaurado na Justiça Militar.

Segundo o promotor João Henrique Ferreira, que acompanha o caso, as armas de Sabino, uma Taurus ponto 40, e do sargento, um revólver calibre 38, foram disparadas e ambos foram atingidos por mais de um tiro.

O promotor informou que Agnaldo foi baleado por tiros na cabeça e no peito. Sabino foi atingido na nuca.

No entanto, a quantidade de tiros que atingiram os dois só poderão ser confirmadas com o laudo do IML, que também fez exames residuográficos nas duas vítimas e na cabo Aguida, para verificar vestígios de pólvora.

As armas dos dois policiais e os celulares de Sabino, Aguida e Agnaldo foram apreendidos. Segundo o boletim de ocorrência registrado pela PM, a Taurus ponto 40 do ex-judoca estava com 8 munições intactas (a arma comporta até 15 munições) e o revólver do sargento estava com 4 das 5 balas deflagradas.

A Polícia Civil decidiu abrir o inquérito para investigar o caso por entender que, como os policiais não estavam em serviço durante o ocorrido, é competência do órgão fazer essa investigação. O inquérito foi aberto no dia 29 de outubro e a Polícia Civil tem prazo de 30 dias para concluir e relatar à Justiça.

Sabino era policial militar desde 1999. Ele deixou esposa e quatro filhos. Familiares ficaram chocados com o crime e uma prima do ex-judoca conversou com a reportagem da TV TEM, em que disse que ele era como um herói para família. O ex-judoca também recebeu uma homenagem de atletas uma semana após a morte.

O sargento Agnaldo trabalhava há 30 anos na Polícia Militar e era casado há 29 anos com a cabo Aguida, que está na PM desde 1998.

Os dois têm um filho de 22 anos. A irmã do sargento conversou com a reportagem do G1 e contou que a família está revoltada por não conseguir saber o que realmente aconteceu.

TVTem