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A polícia Federal de Marília investiga a origem da aeronave agrícola que foi apreendida em Paraguaçu Paulista com quase uma tonelada de maconha. A suspeita é de que os criminosos possam fazer uso de aviões clonados para transporte de drogas.

Na sexta-feira (23), foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Paraguaçu Paulista, Londrina (PR) e Cornélio Procópio (PR) como parte da Operação Voo Cego que investiga o caso.

O avião agrícola usado pelos traficantes teve o tanque adaptado para transportar a droga sem chamar a atenção. Ele teve que ser desmontado para ser levado para a sede da PF em Marília, a quase 100 km de distância, para passar pela perícia. Outra aeronave também foi apreendida na ação.

A polícia já sabe que o avião apreendido está em nome de uma empresa que não tem autorização da agência nacional de aviação civil para realizar trabalhos agrícolas e que a inspeção anual da aeronave também está vencida. Mas, o que a PF quer saber é se o avião também é clonado.

"A gente investiga a utilização de aeronaves não só adulteradas, como também, as aeronaves que podem ser chamadas de dublês, como os veículos, ou seja, aquelas que se utilizam de prefixos de aviões que já estão fora de operação ou porque foram desmontados ou porque caíram”, explica o delegado da PF, José Navas Júnior.

Neste último desdobramento da investigação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, nas cidades de Paraguaçu Paulista (SP), Cornélio Procópio (PR) e Londrina (PR), e mais um avião foi apreendido, além de diversos documentos.

A Polícia Federal investiga, ainda, se os valores obtidos com o tráfico foram utilizados para aquisição de bens, o que pode se caracterizar como lavagem de dinheiro.

Entenda o caso
O avião foi interceptado em uma fazenda na zona rural de Paraguaçu Paulista. O piloto e mais duas pessoas foram presas, entre elas um bombeiro aposentado. A polícia investiga também se o local foi preparado para funcionar como um centro de distribuição da droga.

No local há uma pista clandestina, que fica no meio do canavial, distante quase 5 quilômetros da rodovia. Segundo as investigações, ela foi construída em um trecho curto de subida, para ajudar a diminuir velocidade do avião quando chega carregado.

É uma distância curta, mas termina bem na porta do hangar, onde a polícia encontrou armazenados mais 400 quilos de maconha. Sem se identificar, um agricultor da região contou que o entre e sai de aviões era constante na fazenda.

“A gente entendia que era um campo de avião de passar veneno, pessoal da parte de agricultura, então eles levantavam voo, chegava, saia, pra gente da região era simplesmente isso. Às vezes, parava, ficava dias, parado depois eles trabalhavam, era o que a gente achava”

No ano passado a Força Área Brasileira intensificou a fiscalização no espaço aéreo brasileiro, principalmente na região de fronteira. Foram 829 interceptações em aeronaves suspeitas, sem registro ou plano de voo. O dobro de interceptações feitas um ano antes.

“É o caminho mais curto, direto, saindo do centro produtor da droga para o centro distribuidor. Porque no Centro-Oeste Paulista, você tem uma estrutura previa de aeroportos legais e algumas pistas não documentadas que os aviões usam para logística, seja para reabastecimento, seja para colocar a droga em veículos terrestres’, finaliza o delegado. (TVTem)