Fotografias do cérebro do físico alemão foram estudadas em busca de explicação para seu desempenho excepcional

einst

Albert Einstein: novo estudo indica conexão incomum entre os dois hemisférios de seu cérebro (Getty Images)

Mais de meio século após sua morte, a ciência ainda procura explicações para a genialidade de Albert Einstein – e muitos acreditam que a resposta pode estar na estrutura de seu cérebro. A realização de novos estudos sobre o assunto continua sendo possível pois, ao morrer, o cientista teve seu cérebro removido do corpo, dissecado e fotografado por Thomas Harvey, o médico que realizou sua autópsia. O novo estudo, feito com imagens descobertas recentemente, indica que a explicação para a genialidade do físico pode estar no fato de que os dois lados de seu cérebro estavam muito melhor conectados do que o de pessoas "normais".

 

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The corpus callosum of Albert Einstein‘s brain: another clue to his high intelligence?

Onde foi divulgada: periódico Brain

Quem fez: Weiwei Men, Dean Falk, Tao Sun, Weibo Chen, Jianqi Li, Dazhi Yin, Lili Zan e Mingxia Fan

Instituição: Universidade Estadual da Flórida, EUA, e outras

Dados de amostragem: Fotografias do cérebro de Einstein e imagens de ressonância magnética de 15 homens entre 70 e 80 anos de idade e 52 homens entre 24 e 30 anos

Resultado: A análise do corpo caloso de Einstein indica que a explicação para sua inteligência pode estar no fato de que os hemisférios de seu cérebro estavam muito melhor conectados do que o de pessoas "normais"
A pesquisa foi a primeira a detalhar o corpo caloso de Einstein, estrutura de fibras nervosas que liga os hemisférios cerebrais. Essa região é responsável pela comunicação entre os dois lados do cérebro, incluindo a transmissão de informação motora, sensorial e cognitiva. Os autores do novo estudo, pesquisadores da China e dos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica para comparar a espessura de diversas subsdivisões do corpo caloso. A espessura está relacionada ao número de nervos que cruzam essa região, indicando o quão bem conectado está o cérebro.

O cálculo de Einstein foi feito com base em 14 fotografias recém-descobertas de seu cérebro, que foram comparadas com imagens de ressonância magnética de 15 homens entre 70 e 80 anos de idade — todos destros, como ele. O cientista faleceu em 1955, aos 76 anos.

Foi feita também uma comparação com imagens do cérebro de 52 homens entre 24 e 30 anos, pois, aos 26 anos, Einstein teve o seu chamado “ano milagroso”, quando publicou quatro artigos que revolucionaram a física e os conceitos de espaço, tempo, massa e energia.

Conectividade — Os resultados mostraram que o corpo caloso de Einstein era mais grosso do que o das outras pessoas em diversas sub-regiões, o que indica que ele poderia ter uma melhor conectividade cerebral. No entanto, a conectividade pode não ser o único fator no cérebro do cientista que explique seu desempenho. Estudos anteriores sugeriram que a grande capacidade do físico alemão seria resultado de um número incomumente elevado de células de glia, que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios.

Uma limitação do estudo é o fato dele ter estabelecido uma comparação entre imagens obtidas de indivíduos vivos e as fotografias do cérebro de Einstein. Porém, os pesquisadores afirmam que a ressonância magnética pode fazer com que o corpo caloso dos participantes pareça um pouco mais grosso do que na vida real, e o cérebro de Einstein pode ter encolhido durante a preservação, de forma que é possível que a diferença de espessura seja ainda maior do que a relatada no estudo.

Cérebro — Após a morte de Einstein em 1955, seu cérebro foi removido e fotografado de diversos ângulos. O órgão foi seccionado em 240 blocos, a partir dos quais foram preparadas lâminas histológicas — mas a maioria das fotografias, blocos e lâminas ficou perdida por mais de 55 anos. As 14 fotografias usadas pelos pesquisadores estão agora em poder do Museu Nacional de Saúde e Medicina dos Estados Unidos.

Veja