Um estudo inédito no Brasil busca identificar se há formas de prevenir o diabetes tipo 1. A pesquisa, coordenada pela Universidade Federal do Ceará (UFCE), conta com estudiosos de todo o país, entre eles o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, que atua em Ribeirão Preto (SP).

“O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que não tem prevenção até hoje consagrada, e a gente quer saber se isso é possível. É uma doença que acomete muitas crianças e jovens. Se a gente conseguir pelo menos retardar o diagnóstico, a gente vai facilitar a vida de muita gente”, diz Couri.

 

 Ao contrário do diabetes tipo 2, a doença é adquirida ao longo da vida. O sistema imunológico acredita que as células do pâncreas são inimigas, então o órgão para de produzir insulina e prejudica a manutenção do metabolismo.

A ocorrência é mais frequente na infância ou na adolescência, mas pode ocorrer em adultos também. O tratamento é feito com reposição de insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, que ajudam a controlar o nível de glicose no sangue.

Controle
No dia a dia do estudante Kleber Fávaro, a caneta com insulina é essencial. Ele convive com o diabetes tipo 1 há cerca de 15 anos.

 “O Kleber estava saindo de uma dengue e começou a sentir muita dor nas pernas, a beber muita água. Aí eu o levei ao médico e até o médico disse que não era nada. Mas, quando fomos pegar o resultado do exame, estava 300 [a glicose]”, diz a mãe dele, Regina Fávaro.

Kleber precisou mudar os principais hábitos alimentares. Ele passou a comer mais frutas, a tomar vitaminas e reduziu a quantidade de açúcar consumido. Tudo isso para ajudar a equilibrar o organismo.

“Hoje em dia, graças a Deus, está tudo controlado, tudo muito bem. Tiramos o açúcar e temos muito cuidado com o carboidrato também, porque ele é açúcar, então tem que ter muito cuidado com isso”, afirma Regina.

Como participar do estudo
A Federação Internacional de Diabetes estima que 92 mil pessoas com idades de zero a 19 anos têm a doença no Brasil.

Para o estudo, 130 voluntários de 18 a 35 anos, que apresentem glicose em jejum entre 100 e 125, estão sendo recrutados em todo o país por meio da plataforma on-line Pré 1 Brazil. Basta que os pacientes manifestem interesse aos próprios médicos, que por sua vez podem fazer o cadastro.

“Essas características desses pacientes são difíceis de conseguir somente em um único hospital, em uma única cidade. Por isso a gente vai precisar da sociedade engajada e dos médicos engajados. Nós criamos um web aplicativo em que o médico de qualquer cidade do Brasil vai acessar e cadastrar os pacientes que ele tem”, explica Carlos Eduardo Barra Couri.

Os voluntários serão divididos em dois grupos. No primeiro, o de controle, 65 pessoas vão receber explicações de como se alimentar melhor e fazer atividades físicas. No segundo grupo, além das orientações, os pacientes vão ser medicados. Todos serão acompanhados por cerca de dois anos.

Exames periódicos como aliados
De acordo com o endocrinologista, enquanto não há definição sobre formas preventivas, a melhor forma de defesa é manter os exames em dia. Se descoberta, a doença tem controle.

“É uma doença silenciosa, principalmente nesses níveis de glicose um pouco mais baixos. Então, não espere os sintomas. Todo mundo está acostumado a saber do diabetes quando se urina muito, bebe-se muita água, perde-se muito peso sem causa aparente. Porém, até chegar nesse ponto, os níveis de glicose já estão alterados e podem ser detectados. Daí a importância dos check-ups periódicos e do acompanhamento médico regular”, diz Couri.

EPTV