Cientistas anunciaram nesta segunda-feira (12) que Marte pode conter água em seu subsolo no estado líquido, numa quantidade suficiente para formar um oceano global.

As conclusões são baseadas em medições sísmicas realizadas pela sonda Mars InSight da Nasa, a agência espacial norte-americana, que detectou mais de 1300 tremores marcianos antes de encerrar suas operações há dois anos.

Toda essa água estaria localizada entre 11,5 e 20km de profundidade na crosta marciana. Provavelmente, afirmam os cientistas, a substância teria infiltrado no solo há bilhões de anos, quando o Planeta Vermelho possuía rios, lagos e, possivelmente, oceanos.

A descoberta foi publicada num artigo na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" e representa mais uma evidência de que o planeta possui água num estado do tipo.

Em 2018, evidências de água líquida no planeta já tinham sido apontadas em outra pesquisa. A descoberta então publicada na revista "Science" também foi reforçada em 2020 quando pesquisadores indicaram que o polo sul do planeta tem água em estado líquido, mas uma água salobra abaixo de uma camada de gelo.

Vashan Wright, cientista líder do estudo e pesquisador do Scripps Institution of Oceanography, da Universidade da Califórnia em San Diego, destacou, porém, que mesmo que ainda haja água circulando no interior de Marte, isso não significa necessariamente que há vida no planeta.

“Nossos achados indicam que podem existir ambientes que potencialmente seriam habitáveis”, afirmou em uma entrevista à agência AP.

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Para chegar a essas conclusões, a equipe de Wright combinou modelos computacionais com as medições feitas pela InSight, incluindo a velocidade dos abalos sísmicos, apontando a presença de água subterrânea como a explicação mais provável.

Se a localização da InSight em Elysium Planitia, a segunda região vulcânica mais extensa de Marte próxima ao seu equador, for representativa do restante do planeta, a quantidade de água subterrânea seria suficiente para encher um oceano global com cerca de 1 a 2km de profundidade, ainda segundo Wright.

Contudo, para confirmar a presença dessa água e buscar sinais de vida microbiana, cientistas precisam usar equipamentos perfuratrizes e outros aparelhos específicos.

Embora a InSight não esteja mais operacional, os cientistas continuam analisando seus dados coletados entre 2018 e 2022 para obter mais informações sobre o interior do Planeta Vermelho.

Há mais de 3 bilhões de anos, Marte era um planeta úmido, mas acredita-se que tenha perdido sua água superficial à medida que sua atmosfera foi se dissipando, transformando-o no mundo árido e empoeirado que conhecemos hoje.

Os cientistas teorizam que grande parte dessa antiga água escapou para o espaço ou permaneceu enterrada abaixo da sua superfície.

G1