Do G1- Novos fósseis encontrados na zona rural de Monte Alto (SP) nesta semana podem indicar uma nova espécie de dinossauro, segundo a paleontóloga Sandra Tavares, diretora do Museu de Paleontologia de Monte Alto.
"A gente está com muita expectativa, porque a gente não sabe que animal pode sair dali, então pode ser algo inédito? Sim, pode ser algo inédito. Mas tudo isso, a gente só vai saber quando preparar esse material no laboratório", explica.
As rochas onde os fósseis estão têm a mesma idade dos primeiros ossos encontrados na cidade, na década de 1980. A estimativa é de que tenham, aproximadamente, 75 milhões de anos.
Ainda segundo Sandra, já existem estudos que calculam que a rocha onde foram encontrados os ossos petrificados tenha por volta de 75 milhões de anos.
"Se a rocha tem 75 milhões de anos, tudo que está dentro dela também. Então ele viveu por aqui há, mais ou menos, 75 milhões de anos, em um período chamado Cretáceo, da era geológica Mesozóica".
Por enquanto, os pesquisadores conseguem afirmar apenas que os fósseis encontrados são partes de costelas e algumas vértebras. Não há determinação de espécie.
"Tem, inclusive, uma costela bem grande e algumas estruturas que, aparentemente, são vértebras. Tudo isso pode surpreender a gente daqui alguns anos, depois da preparação do fóssil no laboratório, porque, aí sim, a gente vai ter a certeza se era um dinossauro saurópode, que eram os pescoçudos, se era um dinossauro carnívoro".
Saurópodes são os mais comumente encontrados no Brasil e na América do Sul. A suspeita de que os novos fósseis sejam dessa espécie específica, se dá por conta do tamanho dos ossos da costela.
"Ser um carnívoro, eu acho meio difícil, porque os ossos, as costelas, são muito grandes. Se for um carnívoro, é um bicho enorme. A probabilidade é que sejam mesmo fósseis de um dinossauro saurópode, que é herbívoro, e que a gente encontra bastante aqui em Monte Alto também", diz Sandra.
Olho clínico na folga
Os fósseis foram encontrados por um funcionário do museu no domingo (18) e uma equipe passou a semana escavando o local para coletar o material.
"Ele estava descendo para ir pra casa de um parente na área rural da cidade e parou para olhar a rocha, porque a gente faz isso, né? Na paleontologia, onde tem rocha aparecendo, a gente já para pra olhar pra ver se não tem algum fóssil aparecendo. E foi o que ele fez, parou pra olhar e viu um pedacinho", conta a paleontóloga.
Ainda segundo ela, a descoberta também foi possível por conta do olho clínico de Cledinei Aparecido Francisco, auxiliar de paleontologia.
"Ele já conhece fóssil há mais de 30 anos, trabalha com isso, então conseguiu visualizar um e me avisou. A gente foi até o local e, a partir daquele que ele achou, apareceram outros em um bloco, em uma área bem legal".
Cledinei estava de folga e passeava com a família pela área quando se deparou com as rochas.
"Fui mexer na rocha com o ponteiro, bati em cima da rocha e, quando fui ver, era a vértebra de um dinossauro. Ao limpar com o pincel de lado, percebi que tinha mais fósseis. Nossa, foi um desespero".
O funcionário revela que costuma andar com as ferramentas de escavação e, por isso, conseguiu encontrar os ossos petrificados.
"Eu tenho mania de levar meu ponteiro e minha marreta sempre no meu carro, como um bom caçador de dinossauro. Para a minha felicidade, foi o ponteiro. Na hora que bateu, furou a terra e apareceu".
Sandra destaca que o achado é importante, inclusive, por conta da quantidade de material que pode ser coletada.
"A gente tem encontrado uma quantidade muito boa de fósseis e fósseis importantes, bastante relevantes pra ciência e pros nossos estudos".