por Erika Taguchi- Em nosso dia a dia, atribulado, vivemos atarefados com tudo o que a vida moderna nos impõe, de certa forma. Trabalhamos para comprar isto ou aquilo, que dizem que “facilita sua vída”. Buscamos praticidade!
Quando vamos afoitos atrás de ‘tempo’, aos poucos, perdemos o significado que o mundo ao nosso redor possui; perdemos nossa conexão com o sentido da Vida. Por que precisamos de mais tempo? Pra que precisamos comprar, comprar, comprar...?
O “poder comprar” nos confere um Poder ilusório. Ao voltar sua atenção às pequenas atividades cotidianas, enfocando o Aqui Agora, retomamos o domínio de nosso tempo.
Olhar a Beleza em tudo que nos cerca, buscar a Poesia nos acontecimentos, preenche o viver.
Como dizia o poeta, “...Isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem de desaprender...”
Flores são flores. Se o Homem a classificou como “erva daninha”, repensar, investigar, analisar... esse é o momento da transformação e aprendizado. E conseguir apreciar a flor!
Sem preconceitos, sem amarras, sem ignorância (no sentido, de desconhecer; não no sentido pejorativo). Ver a Beleza na flor que seca, na folha que envelhece, nos ensina a aceitar a efemeridade da Vida, nos torna mais uno com movimento do Tempo.
Aceitamos o envelhecer, pois ele traz uma Sabedoria que vamos adquirindo quando vivenciamos todo momento, toda atividade, com intensidade.
Viver Zen, é um exercício do Olhar; de estar em comunhão com o mundo ao redor. É transformar toda atividade em um caminho de iluminação. É saber ver sem estar doente do Coração.
Érika Taguchi é paisagista, terapêutica prânica e proprietária do Espacco Viva Zen.
Alberto Caeiro
XXIV - O que Nós Vemos
O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.