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Uma pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), do campus de São Carlos, participou da criação de um dispositivo que mede os níveis de glicemia, álcool ou vitaminas pelas lágrimas. O mecanismo acoplado aos óculos pode realizar até três medições sem necessidade de troca.

O projeto da Universidade da Califórnia (EUA) reuniu uma equipe de 13 pesquisadores. Entre os participantes de diversas nacionalidades estava a doutora em física aplicada Laís Canniatti Brazaca, de 28 anos, que foi uma das responsáveis pela execução dos experimentos e colaboração de ideias durante o processo.

Ela permaneceu por nove meses no laboratório do professor Joseph Wang, de 71 anos, durante seu estágio no exterior financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para auxiliar a pesquisa da doutoranda Juliane Renata Sempionatto, de 29 anos.

Uso das lágrimas

As lágrimas são estimuladas por um bastonete com mentol e entram nos sensores de dois centímetros, que são fixados com fita dupla face no apoio dos óculos. A medição acontece no dispositivo colado na haste e as informações coletadas são enviadas ao computador por tecnologia sem fio.

De acordo com Laís, as lágrimas são um fluído de obtenção simples que contem compostos relevantes para diagnósticos e monitoramentos, porque as concentrações encontradas nelas são proporcionais as do sangue.

    “Se a concentração de glicose está mais alta no sangue, a gente vê isso na lágrima também e isso possibilita monitorar diferentes substâncias de forma simples e pouco invasiva”, explica a doutora em física aplicada.

A lágrima cai no sensor preso ao apoio do óculos e o aparato fixado na haste mede os níveis de glicose, álcool ou vitaminas. — Foto: Juliane Renata Sempionatto Moreto

Três usos

Nos testes em laboratório, foi possível usar o mesmo dispositivo por um dia inteiro para medir a quantidade de glicose após o café da manhã, almoço e jantar. Ao contrário do glicosímetro que utiliza uma fita para cada medida.

As medições de glicose, álcool e vitaminas são feitas separadamente, mas os pesquisadores pretendem juntá-las em uma única coleta. Além de estender a análise para outras substâncias como drogas, medicamentos e até indicadores de stress.

O grupo não tem estimativas de quando o produto será colocado no mercado, porque para produzir em escala industrial é necessário fazer mais testes para garantir que o sensor continua funcionando com a produção em grande escala.

Eles também precisam atestar a funcionalidade em pessoas de faixas etárias diferentes e criar uma interface para processar os dados obtidos em um único número. (G1)