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Os cuidados com a saúde bucal do seu filho começam cedo, desde o surgimento do primeiro dentinho. Até ele completar um ano, mesmo que continue sem dentes, é importante fazer uma visita preventiva ao odontopediatra – e a partir daí, de acordo com a necessidade de cada criança. A seguir, a odontopediatra Dóris Rocha Ruiz, autora de diversos livros dentição infantil, responde as principais dúvidas dos pais.

 1) Como deve ser a higiene bucal do bebê?

Se ele ainda não tem dentes, não é necessário fazer a limpeza. Até porque o leite materno protege toda a cavidade oral. Caso ele já se alimente de sólidos, entretanto, pode-se limpar a região suavemente com gaze, fralda ou dedeira umedecidas, duas vezes ao dia.

2) E depois que ele crescer?
A higiene oral deve ser feita com escova e pasta de dente infantil com flúor desde que surgir o primeiro dentinho, de acordo com as orientações do odontopediatra, delicadamente e sem pressa. A escova deve ser proporcional à boca do bebê, com cerdas extramacias ou macias. A escovação deve ser realizada duas vezes ao dia, após as refeições.

3) Que quantia de pasta de dentes devo colocar na escova?

Por segurança (já que o flúor pode ser prejudicial em excesso), recomenda-se:

- Bebês com até oito dentes na boca ou com menos de 12 Kg: o equivalente à metade de um grão de arroz cru (0,05g).

- Bebês e crianças com mais de 12 Kg, que não sabem cuspir: o equivalente a um grão de arroz (0,1g);

- Crianças com mais de 20 Kg, que já sabem cuspir: o equivalente a um grão de ervilha (0,3g).

4) Tem de passar fio dental também?
Sim, principalmente os que possuem os dentes muito próximos. O fio complementará, então, a ação da escova.

5) Com quantos anos e com que frequência a criança tem de passar flúor?
Fica a critério do odontopediatra. A aplicação tópica do flúor no consultório é individualizada, ou seja, deve ser realizada de acordo com o risco a cárie dentária de cada criança.

6) E se a criança tiver medo do dentista?
O ideal é conversar com ela de maneira clara e lúdica, reforçando que o dentista é um amigo que vai ajudar a cuidar da boca dela. Um livro infantil ou brinquedo sobre o tema também podem ajudar. Vale a pena escolher um odontopediatra que saiba lidar com a questão emocional e também especializado na prevenção de doenças orais e no monitoramento do desenvolvimento orofacial infanto-juvenil.

7) E se meu filho cair e quebrar o dente?
Todo e qualquer traumatismo oral deve ser atendido e acompanhado por um dentista. Na hora do acidente, lave a boca da criança e estanque o sangue. Coloque gelo para amenizar o edema ou hematoma. Leve-a ao dentista de imediato.

Há diversas possibilidades: pode apenas trincar ou, então, quebrar a coroa (parte branca) ou até a raiz. De acordo com o caso, o especialista vai avaliar a necessidade de restaurar o dente, tratar o canal ou removê-lo. Em dentes de leite, o traumatismo pode ferir o dente permanente em formação, podendo alterá-lo ou até mudar a posição do mesmo. O traumatismo oral, infelizmente, pode atingir além dos dentes e prejudicar ossos, articulações ou tecidos moles (lábios, mucosas, gengiva, bochecha, língua, etc.).

8) É verdade que remédios deixam os dentes da criança escuros ou manchados?

O sulfato ferroso pode deixar uma mancha escura extríseca, quer dizer, por fora, que sai com a limpeza profissional. A tetracilina pode manchar definitivamente os dentes, contudo, há muitos anos tal medicação não é prescrita para bebês e crianças.

9) Se for necessário, qual a idade ideal para usar aparelho nos dentes?

O dentista vai utilizar medidas que favoreçam o crescimento adequado dos dentes, seja orientando sobre hábitos orais ou por meio de dispositivos ortodônticos/ortopédicos. Nos dentes de leite, pode-se colocar aparelhos ortodônticos a partir dos 4 ou 5 anos, com técnicas específicas para essa dentição. Já na fase dos dentes permanentes, que normalmente surgem por volta dos 6 anos, a criança tende colaborar bastante e pode colocar o aparelho sem problemas. Em alguns casos, o atendimento é transdicisplinar, isto é, com profissionais de várias áreas interagindo e atendendo o mesmo paciente (dentista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta). A idade vai depender do caso, ou seja, do tipo de problema e da maturidade emocional para aceitar e colaborar com o tratamento.

10) Que hábitos garantem uma boca saudável?

O melhor mesmo é prevenir, com higiene adequada e visitas regulares ao dentista. As consultas ao odontopediatra não são importantes apenas para evitar cáries, mas também verificar doenças e alterações orais, tais como a periodontite, gengivite, erosão dental (desgaste do dente sem bactérias) e oclusopatias (má posição de dentes e/ou arcadas).

Do Uol