O sofrimento tem caminhado junto a Maria (Alice Wegmann) em “Onde nascem os fortes”. Sem dar trégua, a agonia que se instalou na vida da personagem desde que seu irmão, Nonato (Marco Pigossi), desapareceu ganha mais um desenho aterrorizante quando a heroína da trama de George Moura e Sergio Goldenberg sofre uma tentativa de estupro. Na cena prevista para ir ao ar hoje, a mocinha é atacada pelos capangas de Pedro (Alexandre Nero), principal suspeito do sumiço do jovem que ousou enfrentar o todo-poderoso da fictícia cidade de Sertão.
— Essa foi a cena mais forte que já fiz na vida e foi gravada no dia do meu aniversário (3 de novembro). Na hora de gravar, pensei nas mulheres que já sofreram uma tentativa de estupro. Quando terminou, precisei sair, dar uma espairecida, ver o pôr do sol. Refleti muito. Essa sequência mostra a força que Maria tem, além de representar milhões de mulheres. Em algum momento, todas nós passamos por algo desconfortável. Eu passei por uma situação muito chata, na qual me senti impotente — diz a atriz de 22 anos.
A experiência real de Alice prova que intérprete e personagem têm a força em comum:
— Estava no carro com umas amigas após sair de um restaurante, e um senhor com cerca de 50 anos apareceu na nossa frente, viu que no carro só tinha mulheres, abaixou o short e começou a se masturbar. Não sabíamos o que fazer. Foi desesperador. Até que que veio uma força em mim, abaixei o vidro e gritei. Ele se assustou, os garçons do restaurante perceberam e chamaram uma viatura policial. Essa é apenas uma situação, mas imagina quantas mulheres passam por isso todos os dias no transporte público?
Alice dá sua contribuição para que o machismo que atravessa gerações seja banido de uma vez por todas da sociedade:
— Levanto a bandeira do feminismo. Temos que reeducar a sociedade. É um trabalho de formiguinha. (Extra)